Tudo vai depender das pesquisas que serão divulgadas ainda nesta semana: o estudo da Quaest será publicado hoje e o do Datafolha amanhã. Ambos deverão captar os efeitos da cadeirada de José Luiz Datena em Pablo Marçal, ocorrida no domingo, e o clima tenso que se observou no debate de ontem, promovido pela Rede TV! e pelo UOL. Somente com essas informações na mão é que os marqueteiros dos candidatos adotarão uma estratégia para a televisão.
Lembremos que, nas edições anteriores dessas pesquisas, o prefeito Ricardo Nunes mostrou crescimento e Marçal apresentou estagnação, além de um aumento em seus índices de rejeição. A intenção do candidato do PRTB parece ter sido provocar algum tipo de agressão para explorá-la politicamente. As duas enquetes podem indicar se essa foi uma direção correta a seguir.
Muitos analistas acreditam que as constantes provocações de Marçal a Datena podem minimizar os efeitos da cadeirada. Mas isso, por enquanto, é puro achismo. Só poderemos saber se o ex-coach ganhou ou perdeu com o episódio a partir da comparação dos números desta semana com os do período anterior.
No debate de ontem, a troca de gritos entre Nunes e Marçal – a partir de um assunto familiar do prefeito – deve ser explorada na campanha. O problema é que o eleitor normalmente rejeita explosões agressivas. Mas isso parece seduzir o candidato do PRTB, que adora uma lacração.
As ameaças feitas ao titular da prefeitura, diga-se, são inócuas. Marçal disse que vai colocar Nunes na cadeia se for eleito. Mas um prefeito não tem o poder de prender ninguém. Além disso, os policiais militares e civis respondem ao governo do Estado e não à prefeitura.
Os candidatos tiveram um comportamento bipolar no programa de ontem. Começaram muito agressivos e foram se acalmando no segundo e no terceiro blocos. Chamou atenção o autocontrole de Guilherme Boulos, que não embarcou em nenhuma provocação e manteve o tom neutro que o está acompanhando desde que a campanha oficial começou.
Também se notou a estocada de Marina Helena em Tabata Amaral, ao acusar a oponente de ter utilizado um jatinho particular entre Luziânia e Recife, com parada em Feira de Santana, para encontrar o namorado, o prefeito da capital pernambucana, João Campos. Tabata refutou a acusação com veemência, mas Marina disse que mantinha as informações. No entanto, mais tarde, aos jornalistas, declarou que a deputada deveria apresentar os bilhetes de seus deslocamentos aéreos para provar a inocência. “É fácil provar. Perguntem à deputada. Eu recebi informações de diversas fontes e dei oportunidade de a Tabata se explicar. Gente, perguntar não ofende. Eu defendo a transparência radical dos políticos”, afirmou.
Acusações públicas, para terem credibilidade, precisam de provas – ou, na pior das hipóteses, de evidências. Somente o tipo de aeronave utilizada pela candidata do PSB não basta. É preciso saber o dia, a hora e o nome do dono do King Air utilizado.
Agora, alguém vai destrinchar essa história. E, diante dos fatos, uma das candidatas vai ficar com cara de tacho e perder credibilidade. Vamos esperar alguns dias para saber quem vai ter de pedir desculpas – quem sabe, já no debate do dia 20, no SBT.