O Planalto tem como prioridade de sua política externa a entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Porém, a identificação de recuos claros no combate à corrupção ameaçam a participação do país no grupo. Um dos casos suspeitos emblemáticos é a compra de uma mansão de R$ 6 milhões, em Brasília, pelo filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido – na imagem com o chanceler Ernesto Araújo), o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Quando candidato ao Senado, em 2018, o político não apresentava renda e patrimônio declarados condizentes para a concretização do negócio, mesmo mediante financiamento.
Por causa desse e de outros episódios, a OCDE tomou a inédita decisão de monitorar de modo permanente e independente a forma com que as instituições enfrentam os crimes de desvio e lavagem de dinheiro nos âmbitos partidário e governamental. As principais motivações no campo institucional são o fim “surpreendente da Operação Lava-Jato”, a nova lei contra o abuso de autoridade – vista uma como ferramenta de intimidação contra investigadores – e as dificuldades para o compartilhamento de informações de órgãos financeiros para investigações de corrupção.
A OCDE informou à BBC Brasil que o governo brasileiro já foi notificado da decisão. O Itamaraty e o Planalto não se manifestaram após.