Houve desde coação de eleitores até restrição à mobilidade em suas áreas de controle e entrada de recursos do tráfico nas campanhas
Um relatório preliminar da Missão de Observação Eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) identificou a atuação do crime organizado nas eleições municipais brasileiras de 2024. O documento, divulgado nesta quarta-feira (16) pelo blog de Caio Junqueira no portal da CNN Brasil, aponta desde a coação de eleitores e restrição à mobilidade de candidaturas até a entrada de recursos provenientes do tráfico de drogas em campanhas eleitorais.
Com base em dados coletados por 15 observadores de nove nacionalidades, o relatório de 26 páginas detalha o envolvimento de grupos criminosos em áreas sob seu controle. A Missão destacou preocupações manifestadas por atores locais sobre o risco crescente de o crime organizado influenciar o cenário político, restringindo candidaturas e coagindo eleitores para direcionar votos.
O relatório também menciona o uso de fundos ilícitos nas campanhas, principalmente oriundos do tráfico de drogas, levantando preocupações sobre a interferência financeira do crime nas eleições.
A violência política foi outro ponto de destaque no documento. O relatório apontou um aumento significativo nos atos de violência contra políticos em 2024, com 469 incidentes registrados até 1º de outubro, um aumento de 58,9% em relação ao mesmo período de 2020. A frequência dos ataques também cresceu, com um incidente a cada 1,5 dia, em comparação a um evento a cada sete dias em 2020.
A Missão também mencionou episódios de agressão durante debates em São Paulo, incluindo confrontos físicos envolvendo candidatos e suas equipes, lamentando o impacto negativo desses incidentes no debate democrático.
Como recomendação, a OEA sugeriu a criação de um registro público de dados sobre violência política, integrando informações de organizações sociais e acadêmicas, e maior coordenação para entender e enfrentar a influência do crime organizado nos processos eleitorais.