Normalmente, ignoro as manifestações do escritor Olavo de Carvalho nas redes sociais, sempre repletas de termos chulos e ataques pessoas a seus desafetos. Mas, hoje faço uma exceção à regra. Considerado um dos ideólogos do governo Jair Bolsonaro, ele postou ontem um vídeo no YouTube, no qual se queixa do que seria uma perseguição contra a sua pessoa e faz várias críticas ao presidente. A íntegra da gravação pode ser conferida aqui: https://www.youtube.com/watch?v=nXNholwo7go . A narrativa começa em um tom de voz contido que e, aos poucos, vai ganhando doses cada vez maiores de irritação. Em um determinado trecho, há inclusive um soco na mesa.
A partir de 4 minutos e trinta segundos, ele diz o seguinte: “Bolsonaro, o que ele fez para me defender? (Palavrão) nenhuma. Você não é meu amigo. Você simplesmente se aproveitou. Enfia a condecoração no (palavrão). Não quero mais saber. Você não está agindo contra os bandidos. Você presencia o crime em flagrante e não faz nada contra eles. Isso se chama prevaricação. Quer tomar um processo de prevaricação de minha parte? Se esse pessoal não consegue derrubar o seu governo, eu derrubo. Continue covarde e eu derrubo essa (palavrão) de governo aconselhado por generais covardes ou vendidos. Eu não sei se são covardes ou vendidos, eu não sei o que é pior”.
Neste momento, percebe-se a soberba de Olavo. Ele parece se sentir responsável pela eleição de Bolsonaro e com poder suficiente para derrubá-lo – apenas escrevendo notas no Twitter e gravando vídeos no YouTube. Ele acusa o presidente de prevaricação pois está acompanhando uma campanha de difamação contra o escritor e nada faz, enquanto poderia estar investigando e reprimindo essas ações. “O presidente não tem assessores para fazer isso? Quantos crimes contra o Olavo você investigou, seu Bolsonaro?”, indagou.
Misturar interesses particulares dos amigos e funcionários do governo é algo extremamente indesejável e talvez um caminho para a tal prevaricação. Não se pode colocar a máquina pública a serviço de pessoas próximas, por mais nobre que seja a causa – o que não parece ser o caso.
No auge da irritação, sobrou até para o empresário Luciano Hang, dono da Havan. “Vem aqui e diz que vai ajudar. Vai ajudar o (palavrão). Você vai comprar aviãozinho, vai se vestir de Zé Carioca, porque você é um palhaço. Eles têm toda a razão. É por causa de empresários como você que o Brasil está nessa (palavrão). Gente que não tem cultura e não gosta de quem tem. Bando de invejoso, (palavrão)”, vociferou.
Trata-se de alguém fora de controle, que até agora usava seu ódio para influenciar negativamente o governo. Neutralizado por generais que estão no círculo íntimo do poder, perdeu a compostura e partiu para um ataque descontrolado e chulo, como fazia até há pouco contra os inimigos do Planalto. Esse rompimento será definitivo? O presidente engolirá os desaforos em seco? Manterá um pupilo de Olavo, Abraham Weintraub, na Esplanada dos Ministérios?
Essas e outras perguntas serão respondidas no início da semana, que promete ser agitada.