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Orçamento paralelo tem tudo para virar o mensalão de Bolsonaro, aponta Crusoé

A revista Crusoé desta semana revela que o orçamento paralelo criado pelo governo para contemplar aliados com emendas parlamentares – o que pode ser considerado uma ilegalidade – serve mesmo é para alimentar a corrupção da velha política. Usado para a aquisição de equipamentos e batizado de Tratoraço, a verba tem tudo para virar o Bolsolão, em um escancarado repeteco do mensalão do governo Lula, afirma a publicação. Quando revelado pelo jornal O Estado de S.Paulo, a bolada era de R$ 3 bilhões. Algo que os senadores tentaram ocultar.

Agora a reportagem mostra são R$ 18 bilhões e que parte desses recursos foi usada em transferências suspeitas. Entre os envolvidos, empresas do irmão e de um amigo do líder do Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). A pequena Gameleira (GO), de 8 mil habitantes, recebeu R$ 20 milhões do Ministério do Desenvolvimento Regional para asfaltamento e recapeamento de ruas. O dinheiro saiu de fora do Orçamento por iniciativa do senador Márcio Bittar (MDB-AC), só que jamais chegou à cidade, ainda que conste como pago nas contas do governo federal. Relator da PEC Emergencial e da proposta de Orçamento, Bittar tem a chave desse cofre, pois controla o dispositivo das “emendas de relator”, um instrumento político criado para dirigir verbas aos aliados.

O sistema conecta o Palácio ao Congresso via Secretaria de Governo, que listou os políticos amigos. Bittar cuidaria da distribuição das verbas, via emendas parlamentares. A manobra permite que “um pedaço dos gastos anuais do governo tem necessariamente que ser aplicado de acordo com a indicação do parlamentar escolhido para ser o relator do orçamento federal, normalmente um aliado do governo”.

Outra pedaço desse dinheiro foi para a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), que fez a aquisição de 32 caminhões para coleta de lixo de uma empresa do prefeito de Betim (MG), Vittorio Medioli (PSD) por R$ 9,4 milhões. Há indícios de superfaturamento. Cada caminhão teria custado 294,5 mil reais. A reportagem aponta que em
dezembro do ano passado, um caminhão semelhante foi adquirido na mesma concessionária por cerca de R$ 260 mil. Não se sabe onde foi para R$ 1 milhão. No meio de tudo isso, Crusoé diz ter encontrado a figura de Davidson Tolentino, hoje diretor da Codevasf, próximo de Ciro Nogueira (Progressista-PI), presidente do partido, e citado em depoimentos da Lava-Jato. Tudo muito suspeito.

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