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Para economista, estatização de empresa na Argentina é preocupante

O presidente da Argentina, Alberto Fernández (foto), anunciou no início da semana a intervenção por 60 dias na Vicentin – uma das maiores exportadoras de soja do país – e o envio de um projeto ao Congresso para estatização da empresa. A decisão foi tomada sob o argumento de que a gigante agrícola caminhava para a falência e poderia causar um enorme impacto na economia nacional. Com dívidas de cerca de US$ 1,3 bilhão, a Vicentin estava no meio de um processo de recuperação judicial.

Em entrevista a MONEY REPORT, o economista Fabio Giambiagi classificou a medida do presidente argentino como preocupante. “Primeiro porque é um ato unilateral do Poder Executivo. Segundo, porque atropela o processo de recuperação judicial que é o rito estabelecido nesse tipo de situações”, comentou.

Giambiagi lembrou o processo de nacionalização da petrolífera YPF no governo de Cristina Kirchner, que é vice de Fernandez, sobre o precedente que pode ser criado com a expropriação da Vicentin. “Abre uma interrogação acerca de se isso define um modus operandi da atuação do governo”, acrescentou.

Na avaliação do economista, não poderia haver pior sinal por parte da gestão Fernández para o estímulo ao investimento privado no futuro. “Tem-se a impressão de que o governo trouxe para si um problema alheio que sequer é capaz de dimensionar, porque agora se tornará o devedor de todos aqueles que terão contas a receber, o que é um passivo cujo valor sequer pode ser definido com precisão”.

Fabio Giambiagi minimizou eventuais reflexos na relação comercial entre Brasil e Argentina. “É mais uma medida a afastar os países, por estar nas antípodas do que a equipe econômica brasileira prega. No caso, porém, não fará muita diferença, porque as relações entre os países já são gélidas”, completou.

Um retorno ao passado na América Latina

Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da ESPM-SP, apontou que a intervenção na companhia traz de volta ao cenário “velhas ideias de estatização” e “são preocupantes porque de alguma forma traduzem um questionamento político”. “O conglomerado Vicentin foi talvez o maior doador do governo anterior, de Mauricio Macri”, observou.

O especialista alertou de que pode não ser o primeiro caso no país. “Nós teremos então, de outra forma, o retorno da opção de estatização, de programas econômicos que parecia ser um detalhe do passado na América Latina”, comentou.

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