O agora ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello está sem destino certo após sua demissão da pasta. Só que sua saída de cena não prefigura nenhuma solução para a crise sanitária e política que alimentou ao contrariar todo o bom senso e obedecer cegamente o presidente. Jair Bolsonaro não pode descartar seu leal colaborador, que pode ser processado e até detido para explicar sua condução desastrosa da crise. Todas as opções apresentadas para manter o foro privilegiado do ex-ministro são boas – para ele -, porém ruins à cúpula do governo, criando desorganização e divisão de responsabilidades. Confira:
O que está em jogo
O governo tenta “blindar” Pazuello de processos. Assim, precisa lhe dar um novo ministério para que mantenha o foro privilegiado.
Quem perde com Pazuello no novo Ministério da Amazônia
O vice-presidente Hamilton Mourão, que é presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL), e o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.
Quem perde com Pazuello no PPI
O ministro da Economia, Paulo Guedes, ficaria mais enfraquecido. O Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) lhe daria a oportunidade de conferir um viés mais liberal ao mandato de Bolsonaro, que acena com posturas protecionistas de olho nas eleições. Hoje o PPI está sob a tutela de Martha Seillier.
Quem perde com Pazuello general de exército
Bolsonaro e o próprio Pazuello. Se o atual general de divisão ganhar uma nova estrela por decreto, furará a fila das promoções, desagradando ao colegas de Exército. O presidente perderia apoio e o novo general cairia no ostracismo. Sem contar que uma promoção não daria para Pazuello imunidade contra os erros cometidos enquanto ministro, uma atividade civil. É uma alternativa descartada.
Soluções
Uma quarta via seria nomear Pazuello para alguma secretaria especial junto à Presidência, deixando-o com status de ministro e sob a tutela de Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Outra alternativa seria nomear Pazuello para algum ministério desimportante e distante da arena política a ser criado.
Quem pode ganhar com tudo isso
Só Onyx Lorenzoni, caso o PPI deixe a Economia e fique sob sua tutela na Secretaria-Geral da Presidência, onde Pazuello seria acomodado.