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Perfil dos militares afasta risco de intervenção, dizem especialistas

A paralisação dos caminhoneiros no Chile, em 1972, durante 26 dias, agravou tanto a situação econômica que serviu de incentivo a outros movimentos grevistas. No fim, culminou no golpe contra o presidente Salvador Allende e o início da ditadura de 17 anos do general Augusto Pinochet. Para David Fleischer, cientista político da Universidade de Brasília (UNB), o caso chileno guarda semelhanças com o que está ocorrendo no Brasil. Como no Chile, os grevistas brasileiros pedem intervenção (golpe) militar. Há uma diferença, porém, fundamental: a situação das forças armadas, tanto do Brasil quanto do Chile nos golpes de 64 e 72, com o Exército hoje. “Os militares de hoje, alguns que presenciaram aqueles golpes, têm ideia de como isso desgastou muito a instituição militar e não têm propensão a tomar o poder”, disse o cientista político.

Para Luiz Antonio Dias, professor do departamento de História da PUC-SP, há, dentro do Exército, um entendimento que o Legislativo e o Judiciário têm mais competência para lidar com crises no Executivo – que não havia antes do golpe de 64. Ele lembra que, em 1961, houve uma tentativa de impedir a posse do presidente João Goulart. No ano seguinte, ensaiou-se abrir um processo de impeachment contra Jango. “Ocorreu um processo de desconstrução, até a tomada do poder pelos militares”, diz o professor da PUC.

Outro fator que minimiza chances de um golpe em 2018 é o perfil intelectual dos militares. Segundo Dias, no começo do século 20, a formação dos oficiais incluía ciências humanas. “Eles não eram formados apenas para ‘segurar uma arma’”, diz o professor. Hoje, segundo ele, a formação é mais técnica, seguindo o modelo norte-americano. “O aprendizado político e humano é mais raso, o que ajuda a tirar o foco de participar desses temas.” Para Dias, os oficiais hoje têm maior compreensão do papel que cabe ao Exército: auxiliar os três poderes na defesa da soberania nacional.

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