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Assassino confessa e revela onde ocultou os corpos de Dom e Bruno

Amarildo Oliveira matou e, com ajuda do irmão, esquartejou, queimou e jogou os corpos em uma vala

O primeiro suspeito de envolvimento no desaparecimento do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira (à direita) e do jornalista britânico Dom Phillips, do jornal The Guardian, confessou o crime e levou as autoridades até onde estavam os corpos. Ambos estão desaparecidos desde o domingo (5), na área do rio Itaquaí, extremo oeste do estado do Amazonas, perto da fronteira com o Peru. Eles foram mortos a tiros pelo pescador Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado, enquanto faziam uma expedição fluvial para manter contato com habitantes ligados aos projetos da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). Phillips escrevia um livro sobre a Amazônia. O caso provoca repercussão internacional e desgasta o governo por causa de suas políticas débeis nas áreas ambiental e dos direitos humanos.

Os restos foram recolhidos e serão enviados para identificação forense. Em coletiva na Superintendência da PF, em Manaus, as autoridades afirmaram que o mando, as circunstâncias e as motivações ainda precisam ser esclarecidos, mas provavelmente envolvem atividades ilegais de garimpeiros, de pescadores ou até traficantes de drogas. O indigenista Bruno Araújo Pereira era constantemente ameaçado e andava armado. “Não vamos poupar meios”, disse o superintendente da PF no Amazonas, Eduardo Alexandre Fontes. Ele afirmou que os trabalhos agora devem assumir um caráter mais investigativo, já que as buscas principais terminaram. Ele comentou que outros suspeitos são considerados.

Confronto

Amarildo confessou voluntariamente a autoria do duplo homicídio. Depois, ele e seu irmão, Oseney da Costa de Oliveira, o Dos Santos, esquartejaram, queimaram e enterraram os corpos em uma vala depois recoberta. Oseney não admitiu participação. Um terceiro homem citado por Amarildo ainda precisa ser encontrado. Os corpos estavam 3 quilômetros dentro da mata, a cerca de 1 hora e 40 minutos de lancha rápida a partir de Atalaia do Norte. Esses detalhes precisam ser esclarecidos.

A localização da lancha usada por Dom e Bruno está mapeada. Afundada, deverá ser retirada da água a partir desta quinta-feira (16). A PF disse que os criminosos removeram os motores e o combustível, jogando pedras no interior para manter o casco submerso. Existe a possibilidade de uma emboscada seguida de confronto ainda no rio, com as vítimas feridas sendo levadas para a floresta.

Com o rosto completamente coberto, nesta manhã Amarildo levou os policiais federais até onde estavam os corpos. Ele estava detido desde terça-feira passada (7), após ser denunciado anonimamente. Com ele foram encontradas drogas e munição calibre 7,62 milímetros, de uso exclusivo das Forças Armadas. Já seu irmão Oseney foi preso nesta terça (14). Eles vivem na comunidade ribeirinha São Rafael, às margens do Itaquaí, rio percorrido por Dom e Bruno.

Drogas e armas

O Vale do Javari concentra 26 etnias indígenas, a maioria isoladas ou de contato recente. Além disso, fica na fronteira com o Peru, hoje o maior produtor mundial de pasta de cocaína, servindo de rota do tráfico internacional por meio de pequenas embarcações e aeronaves. Por ali também circulam armados de fuzis ex-guerrilheiros do Sendero Luminoso, que atuam como segurança de traficantes e garimpeiros. A região é considerada uma das mais perigosas da Amazônia brasileira.

Depois de ser informada, a esposa de Dom Phillips, Alessandra Sampaio, declarou: “Embora ainda estejamos aguardando as confirmações definitivas, este desfecho trágico põe um fim à angústia de não saber o paradeiro de Dom e Bruno. Agora podemos levá-los para casa e nos despedir com amor. Hoje, se inicia também nossa jornada em busca por justiça. Espero que as investigações esgotem todas as possibilidades e tragam respostas definitivas, com todos os desdobramentos pertinentes, o mais rapidamente possível”.

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