As recusas do general Freire Gomes e do brigadeiro Baptista Júnior contrariaram militares palacianos e kids pretos. Só a Marinha aderiu. Bolsonaro assinou o decreto?
Se metade do que consta nas 884 páginas do relatório da Polícia Federal (PF) sobre a investigação do 8 de Janeiro – e das joias sauditas e da falsificação de vacinas -, os 37 indiciados por planejar o golpe de estado que impediria a posse de Lula, no início de 2023, estão muito complicados. A partir do conteúdo de aparelhos de celular, aplicativos de mensagens, delações e conteúdo em computadores é possível entender como pensaram, planejaram assassinatos, adotaram uma justificativa legal bisonha e como a ação naufragou diante da recusa dos comandantes do Exército e da Aeronáutica, respectivamente, o general Freire Gomes e o brigadeiro Baptista Júnior. Um ponto sensível nas conversas detectadas é que Bolsonaro teria conhecimento de tudo e poderia assinar o decreto do golpe: “Assinou nada”, comentou um dos golpistas. Há também um: “O PR [presidente da República] foi abandonado”.
De inédito há o plano de fuga do então presidente, que teria ido aos Estados Unidos antes de passar a faixa sob o temor de ser detido. Se o processo andar desse jeito, os fartos detalhes engrossarão os argumentos da acusação, conforme revelam prints de tela e imagens. Em alguns momentos, os mais exaltados até criticam Bolsonaro por não assinar a decreto do golpe de qualquer maneira. Os comandantes do Exército são criticados e atacados por optarem pela manutenção da ordem. A referência seria a frase “Rasgaram o documento que o 01 assinou”. Esse detalhe sugere que Bolsonaro teria assinado um esboço do decreto ou seria uma metáfora para a pressão em contrário.
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