Polícia Federal afirma que até agora o único delator do crime foi o ex-PM Élcio Queiróz. Investigações seguem em sigilo e sem data prevista para encerramento
Em nota divulgada na noite desta terça-feira (23), a Polícia Federal (PF) informou que até o momento ocorreu apenas uma delação premiada nas investigações do caso envolvendo o assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ)e do motorista Anderson Gomes. A manifestação da PF ocorre após veículos de imprensa afirmarem que o ex-policial militar Ronnie Lessa teria aceito acordo de delação premiada com a Polícia Federal e fornecido informações que apontam o mandante do crime.
O denunciado seria a conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ), domingos Brazão, que em nota disse que não conhece os ex-policiais Lessa e Queiroz e que “espera que os fatos sejam concretamente esclarecidos”. Ex-deputado estadual do RJ e desafeto do hoje ministro Marcelo Freixo (Psol), ele afirma que não teve acesso à investigação e que as reportagens são inverossímeis. Este novo capítulo foi divulgado ontem (23) pelo site The Intercept Brasil.
“A Polícia Federal informa que está conduzindo há cerca de onze meses as investigações referentes aos homicídios da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes. Ao longo desse período, a Polícia Federal trabalhou em parceria com outros órgãos, notadamente o Ministério Público, com critérios técnicos e o necessário sigilo das diligências realizadas. Até o momento, ocorreu uma única delação na apuração do caso, devidamente homologada pelo Poder Judiciário”
A delação citada na nota é a do ex-policial militar Élcio de Queiroz, que dirigia o carro usado no crime. Os detalhes dessa delação foram a público em julho do ano passado e é a única confirmada pela PF até o momento.
A suposta novidade no caso provocou manifestações da irmã de Marielle, a ministra da Igualdade Racial Anielle Franco. “Recebi as últimas notícias relacionadas ao caso Marielle e Anderson e reafirmo o que dizemos desde que a tiraram de nós: não descansaremos enquanto não houver justiça”.
A PF, no entanto, não confirma as informações envolvendo Lessa e acrescentou que elas podem comprometer as investigações. “As investigações seguem em sigilo, sem data prevista para seu encerramento. A divulgação e repercussão de informações que não condizem com a realidade comprometem o trabalho investigativo e expõem cidadãos”.
Papel da imprensa
A viúva de Marielle, a vereadora Mônica Benício (Psol-RJ), também se manifestou sobre os recentes capítulos envolvendo o crime. Ela criticou a atuação de alguns veículos de imprensa e jornalistas, que disse estarem mais preocupados com likes [curtidas]. “Matérias clickbait [caça-cliques] começam a surgir de forma irresponsável, com os familiares, com as investigações e a elucidação do caso e com o papel democrático que a imprensa deve ter”.
Mesmo assim, ela exalta que a “imprensa teve e terá um papel de suma importância no andamento das investigações, na elucidação e na penalização dos envolvidos, executores e mandantes.”
(Agência Brasil)
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