Ainda sem partido, o presidente Jair Bolsonaro vem se tornando o prêmio mais valioso entre os grandes partidos do Centrão, PL e Progressistas. Nesta semana, a legenda de Valdemar Costa Neto tentou atrair o mandatário com uma espécie convite público por meio do canal oficial do Partido Liberal. Porém, o PP de Ciro Nogueira, que já havia o convidado em maio deste ano, durante a inauguração de uma ponte entre Piauí e Maranhão, deve reiterar a proposta após a investida do PL.
Vale lembrar que o PP tem algumas vantagens competitivas ante o PL: Nogueira é ministro-chefe da Casa Civil e a legenda também compõe toda a base de sustentação de um governo sem partido, com presidência da Câmara capitaneada por Arthur Lira (AL), liderança do governo na Câmara de Ricardo Barros (PR) e outros atores que articulam pelo governo. O PL tem Marcelo Ramos (AM) na vice-presidência da Câmara, um opositor a Bolsonaro, e a Secretaria-Geral da Presidência, sob o comando de Flávia Arruda, que está lá por articulação de Lira.
Conforme as eleições se aproximam, a necessidade de filiação do mandatário parece ter eliminado seu desejo de cláusula de controle da agremiação a qual migrasse. O Progressistas faz dois movimentos paralelos para se garantir melhor nesse cenário. Ciro Nogueira afirma que apoiará Tarcísio de Freitas na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes em São Paulo, enquanto seu deputado federal, Fausto Pinato, aparece discretamente ao lado do ex-governador Geraldo Alckmin em visitas a cidades do interior paulista. No momento, Alckmin é o pré-candidato mais expressivo.
De acordo como jornal O Globo desta quarta-feira (27), Costa Neto avalia que mesmo que o PP integre o governo, sem Bolsonaro o partido poderá facilmente se unir ao ex-presidente Lula em outros estados durante o pleito de 2022. Há alianças quase históricas entre PT e PP, principalmente no Nordeste, zona sensível para Bolsonaro, como na Bahia, onde João Leão é vice-governador do petista Rui Costa, ou em Pernambuco, onde há proximidades entre clãs políticos.