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Prefeitura de SP: há uma vaga para a direita no segundo turno

Entre aqueles que se debruçam sobre os dados das pesquisas sobre a eleição para a prefeitura da maior cidade do país, há uma certeza: Guilherme Boulos já está no segundo turno. Mas também existe outro consenso: haverá uma vaga para um candidato de direita. Quem será? Os principais nomes que se apresentam são o do prefeito Ricardo Nunes e do deputado federal e ex-ministro Ricardo Salles.

Este será mais um pleito polarizado, do tipo esquerda contra direita? Provavelmente sim. Então, o melhor nome para enfrentar Boulos seria o de Salles, que deverá trazer o apoio de Jair Bolsonaro? Não necessariamente. Salles é bastante rejeitado entre os eleitores de centro e pode ter um teto baixo para evoluir nas pesquisas. Não é à toa, portanto, que o PL, seu partido, vem hesitando em relação à candidatura do ex-ministro do Meio Ambiente. É por isso que alguns mandachuvas da agremiação começam a falar no astronauta Marcos Pontes para concorrer à prefeitura.

Mais do que um antagonismo político, também teremos uma disputa entre jovens e maduros. A juventude, em sua maioria, estará a favor de Boulos – fenômeno que já ocorreu em 2020, estimulado pela campanha do PSOL. O candidato de esquerda trabalhou uma narrativa totalmente centrada em diversidade, justiça e ambientalismo, temas muito caros à juventude (aliás, imagine o rebuliço que os jovens fariam contra a candidatura de Salles).

Por fim, teremos também outra possível disputa: progressismo contra conservadorismo. Quem fará mais barulho? São grupos que podem transformar a rede social em um campo de batalha, com lacradas e tiradas agressivas de todos os lados.

A campanha em São Paulo tem tudo para abrigar o apoio de outras autoridades. De lado, teremos o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apoiando Boulos. De outro, o governador Tarcísio de Freitas apoiando algum dos Ricardos. Essa deverá ser uma saia justa, uma vez que o governador está construindo uma relação com o presidente, que pode ficar abalada com a troca de chumbo habitual que existe nestas ocasiões.

O prefeito Nunes se articula e tenta o apoio do PL, partido de Salles. Por enquanto, Valdemar da Costa Neto prefere apoiar o candidato à reeleição. Mas atendeu aos apelos do ex-presidente Jair Bolsonaro e deu alguns meses para Salles mostrar que tem viabilidade como candidato.

O grande desafio do ex-ministro do Meio Ambiente é conquistar os eleitores de centro. A atuação de Salles no ministério criou uma rejeição razoável dentro dessa faixa de eleitorado. Quando foi empossado, Ricardo Salles era visto como um técnico conservador. À medida em que o tempo foi passando, porém, ele passou a ser visto como um bolsonarista de quatro costados. Declarações bombásticas – especialmente aquela sobre a “boiada”, proferida durante uma reunião ministerial – produziram um efeito negativo junto ao eleitorado. Ele conta, no entanto, com forte apoio dos eleitores de direita raiz. Conseguirá sair deste nicho? Só saberemos com o passar do tempo.

Ricardo Nunes, por sua vez, atua em silêncio. Mas precisa romper uma barreira pessoal: ele é avesso a holofotes e prima pela discrição. Tanto é que uma pesquisa realizada no início deste mês mostra que 60 % dos eleitores não sabem o nome do prefeito de São Paulo.

Se quiser virar esse jogo, Nunes terá de construir uma nova imagem, aproveitando todas as chances de aparecer – e polarizar com Boulos. Pode começar com uma provocação e perguntar ao adversário o que ele, como prefeito, faria se a entidade que chefiou durante anos, o MTST, invadisse as propriedades da prefeitura? Deixaria a invasão rolar? Ou evacuaria o local, como o fez o governo de Lula em uma fazenda da União invadida pelo MST no interior de Goiás?

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