BRASÍLIA (Reuters) – A atual presidente do Ibama, Sueli Araújo, pediu exoneração do cargo nesta segunda-feira depois que o presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, criticaram um contrato de 28,7 milhões assinado no final do mês passado para aluguel de veículos para o órgão, no mais recente ataque à agência de proteção ambiental.
Suely Araújo comandava o Ibama desde 2016 e já tinha seu substituto indicado, o procurador do órgão Eduardo Bim. A presidente esperava a posse de seu substituto para a fazer a transição no órgão, mas a acusação de Salles a fez antecipar a saída.
Uma porta-voz do órgão disse que a presidente do Ibama pediu exoneração depois que Bolsonaro sugeriu no Twitter que há irregularidades no orçamento do órgão, que inclui 28,7 milhões de reais em aluguel de veículos neste ano.
No domingo, o presidente retuitou um post em que Salles levantava suspeitas sobre o valor do contrato de aluguel de carros, mas foi além.
“Estamos em ritmo acelerado, desmontando rapidamente montanhas de irregularidades e situações anormais que estão sendo e serão comprovadas e expostas. A certeza é: havia todo um sistema formado para principalmente violentar financeiramente o brasileiro sem a menor preocupação”, escreveu, apagando o post em seguida.
Bolsonaro vem atacando com frequência o Ibama, que tem entre suas atribuições fiscalizar o desmatamento e a mineração ilegal na Amazônia.
Em nota, a presidente do Ibama explicou que o contrato abrange 393 veículos adaptados para fiscalização, combate a incêndios, vistorias, atividades de inteligência e outras realizadas pelo órgão, e vão atender 26 Estados e o Distrito Federal.
“A acusação sem fundamento evidencia completo desconhecimento da magnitude do Ibama e das suas funções. O valor estimado inicialmente para esse contrato era bastante superior ao conseguido no final do processo licitatório, que observou com rigor todas as exigências legais e foi aprovado pelo Tribunal de Contas da União”, diz a nota assinada por Suely Araújo.
Depois da repercussão, Salles escreveu também em sua conta no Twitter que não havia levantado suspeitas sobre o contrato e sim apenas destacado “seu valor elevado”. Ainda no domingo, seguidores de Salles esclareceram ao ministro a necessidade de veículos para que o Ibama fizesse seu trabalho, ao que o ministro apenas respondeu que havia chamado atenção para o valor e verificaria em breve sua real necessidade.
(Reportagem de Brad Brooks, em São Paulo, e Lisandra Paraguassu, em Brasília)