Manifestações de teor antidemocrático em apoio ao presidente Jair Bolsonaro ocorreram em 92 cidades brasileiras, nesta terça-feira (7). O presidente proferiu discursos com ameaças aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) tanto na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, quanto na Avenida Paulista, em São Paulo, diante de apoiadores que concordam com o fechamento da corte e do Congresso. O chefe do Executivo mandou um recado ao ministro Luiz Fux, presidente do STF, mas sem citar nomes:
“Ou o chefe desse Poder enquadra os seus ou esse Poder pode sofrer aquilo que não queremos. Porque nós valorizamos e reconhecemos o Poder de cada República. Nós todos aqui na Praça dos Três Poderes juramos respeitar a nossa Constituição. Quem age fora dela se enquadra ou pede para sair”
Se em Brasília Bolsonaro atacou o ministro Alexandre de Moraes sem citá-lo, em São Paulo, disse seu nome e que o magistrado persegue os conservadores – enquanto seus apoiadores gritavam “liberdade”. Além disso, o mandatário afirmou que não cumprirá ordem judicial dada por Moraes. O ministro conduz inquéritos sobre o financiamento desses atos antidemocráticos, ameaças ao Supremo e fake news. Moraes já determinou o bloqueio das contas de redes sociais e a prisão de apoiadores do presidente, como o influenciador digital Professor Marcinho, o suposto líder caminhoneiro Zé Trovão, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, o deputado Daniel Silveira e a ativista Sarah Winter. Outras investigações estão em curso.
“Não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos Três Poderes continue barbarizando a nossa população. Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil. Ou o chefe desse poder enquadra o seu ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos”.
Em Brasília, os discursos foram feitos sobre um carro de som ao lado de membros de governo, como o vice-presidente Hamilton Mourão e dos ministros da Defesa, Walter Braga Netto, do Trabalho, Onyx Lorenzoni, e da Família, Damares Alves. Em São Paulo, o presidente esteve com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, o pastor Silas Malafia, o ex-senador Magno Malta e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Em São Paulo, Bolsonaro fez bravatas sobre ser presidente, dizendo que só deus o tiraria do Palácio do Planalto. “Preso, morto ou com vitória”. Depois, se corrigiu: “Nunca serei preso”. Ele também fez uma referência ao inquérito que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em decorrência de seus ataques ao sistema eleitoral e a legitimidade das eleições. Bolsonaro voltou a falar de voto impresso, desafiando o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o Congresso Nacional. Após a derrota da medida em 10 de agosto, a questão deveria estar encerrada. “Queremos voto auditável”, afirmou Bolsonaro aos apoiadores.
No começo da manhã, manifestantes tentaram ultrapassar as barreiras colocadas pela Polícia Militar do Distrito Federal e foram contidos com uso de spray de pimenta e cassetetes. No interior de São Paulo, apoiadores do presidente fecharam um trecho da rodovia PR-151, perto de Itararé (SP), e seguem defendendo a interdição do Supremo.
Confira o vídeo acima:
Nas redes sociais, houve troca de farpas entre personalidades: