Nesta segunda-feira (20), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, declarou que “a pressa é inimiga da perfeição” em relação à vacinação de crianças de 5 a 11 anos com o imunizante da Pfizer-BioNTech. O ministro disse ainda que a pasta ainda vai tomar uma decisão, praticamente confirmando que o governo vai mesmo adiar o início da imunização dos pequenos, contrariando a posição da câmara técnica do Ministério da Saúde, que afiançou a necessidade da ampliação da campanha de vacina.
Na última quinta (16), o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) afirmou que nenhuma outra doença matou tantas crianças e adolescentes no Brasil em 2021 quanto a covid-19. Contrariando o parecer de pesquisadores, o ministro da Saúde, que é médico, optou por uma solução política para agradar seu chefe, o presidente Jair Bolsonaro. Queiroga disse que haverá uma audiência pública no Ministério da Saúde, em 4 de janeiro, que servirá de base para a decisão final da pasta.
Na semana passada, horas após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar a vacinação contra a covid para crianças de 5 a 11 anos, o presidente Jair Bolsonaro usou uma transmissão ao vivo para intimidar os servidores da Anvisa e convocar apoiadores a questionarem a decisão da agência. No domingo (19), a agência acionou órgãos de investigação e do governo federal para pedir apuração sobre novas ameaças de violência contra diretores da entidade. Os servidores repudiaram o que chamaram de “método abertamente fascista”. Para especialistas, a posição do governo é “insustentável” e eles aguardam uma saída judicial para a liberação da vacina.