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PSDB se tornou um instrumento que serve aos seus donos, diz Covas Neto

Mario Covas Neto deixou o PSDB na última quinta-feira (1º) frustrado com os rumos que o partido está tomando. Após 29 anos no tucanato, o vereador eleito com cerca de 75 mil votos e filho do ex-governador Mario Covas, um dos fundadores do PSDB, tem 30 dias para decidir seu futuro político. Em entrevista a MONEY REPORT, Covas Neto diz que ainda não sabe o que fará. “Recebi o convite de 11 partidos, o que para mim é motivo de orgulho; o fato de ser lembrado leva meu ego às alturas. Mas ainda não me decidi”. Confira os principais trechos da entrevista.

 

Qual motivo de sua saída do PSDB, partido que seu pai, Mário Covas, ajudou a fundar?

Antes havia no partido um grande componente ético na forma de pensar e atuar. As lideranças políticas indicavam de forma clara os caminhos a serem seguidos. Hoje não. O partido está parecido com o PMDB da década de 1980. Hoje o PSDB é um mero instrumento, uma legenda com donos e não um partido político.

O senhor afirmou que o PSDB é um “partido de donos”. Quem seriam esses “donos”? 

São vários. Mas vou falar de um: senador Aécio Neves, que, antes de cair em desgraça, fez uma lambança. Aécio fez movimentos que visavam o seu próprio benefício. Prorrogou o tempo que poderia ficar à frente da presidência do partido tendo em vista as eleições deste ano. Durante a presidência de Aécio, não havia reunião do Diretório Nacional, não teve congresso para discutir temas e bandeiras. Não era do interesse de Aécio discutir temas e o PSDB não fez nenhum gesto para afastá-lo.

O PSDB se distanciou de seus princípios originais? 

Sim. Além desses exemplos citados, posso dar o exemplo aqui de São Paulo. O diretório municipal do PSDB se tornou um apêndice da Prefeitura, que segue as determinações do prefeito João Doria. Um comportamento anti-democrático, ao qual sou obrigado a me rebelar. Não pode ser assim. Sou contra e, por isso, deixei o partido.

Qual sua avaliação da gestão João Doria? 

É uma gestão curta. Doria vai sair da prefeitura após 1 ano e 6 meses de eleito. A única coisa que está clara é que ele não está interessado em ser prefeito. Usa a prefeitura como trampolim: assim que eleito, percorreu o país visando ser presidente; agora, ao governo do Estado. O paulistano não verá isso com bons olhos. Mas penso que, se ele ficar até o final do mandato, com o programa de desestatização, será bom.

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