Mentiras no currículo de Xingózinho ajudariam o PT a conter temporariamente os anseios do Centrão sobre a Petrobras
A Controladoria-Geral da União (CGU) encontrou uma fraude na nomeação de Leandro Xingó Tenório de Oliveira, o Xingózinho, para a diretoria de gestão da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), estatal que controla a Eletronuclear e é dona de 50% da Usina de Itaipu. Considerado um dos auxiliares de maior confiança do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), Xingózinho foi empossado em 2023 sem cumprir os requisitos previstos em lei.
Segundo a CGU, ele apresentou documentos incompletos e datas falsas para inflacionar sua experiência profissional, atestando falsamente 4 anos de experiência em cargo de comissão ou função equivalente ao nível DAS-4 (gerencial) na administração pública. A investigação de rotina constatou que ele incluiu na conta períodos em que trabalhou em cargos com status inferior, como secretário parlamentar do gabinete de Silveira, quando este era deputado federal, e assessor de desenvolvimento institucional no período em que o aliado foi secretário do governo mineiro.
A análise da CGU contabilizou pouco mais de 3 anos de experiência em cargos com status exigido por lei para ocupar o posto na ENBPar. A fraude foi comunicada à empresa no fim de março deste ano, com pedido de “providências necessárias e eventuais ações pertinentes”.
Desde a sua nomeação, Xingózinho recebe R$ 55,9 mil por mês, o que inclui salário (R$ 41.204), previdência complementar (R$ 6.180), auxílio-moradia (R$ 4.331), plano de saúde (R$ 3.000) e auxílio-alimentação (R$ 1.261).
PT x Centrão
A relação próxima entre Xingózinho e Alexandre Silveira, que o nomeou, levanta dúvidas sobre a lisura do processo. Como a parceria entre ambos remonta aos tempos em que Silveira era vereador em Coronel Fabriciano (MG), há suspeitas que a nomeação tenha sido motivada por razões pessoais, além das políticas.
O episódio dá munição contra o ministro de Minas e Energia, um dos maiores críticos ao atual presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. Como Lula anda descontente com Prates, Silveira aproveita para acirrar o clima, evitando que o indicados do PT ganhem espaço no conselho de administração da petroleira, a maior empresa do Brasil. Essa disputa faz parte dos capítulos do atrito entre governo e Centrão.
Vale ressaltar que, além de correligionário do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), Silveira também conta com o apoio do senador Davi Alcolumbre, potencial concorrente à presidência do Senado em 2025.
Do outro lado, a investigação da CGU caso pode ser usada politicamente para conter as pressões do Centrão. Xingózinho seria o freio para o PT ganhar tempo.
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