A solidez de Jair Bolsonaro (PSL) e o avanço de Fernando Haddad (PT) nas pesquisas devem fazer com que Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede) reforcem seus discursos em defesa do voto útil já no primeiro turno. Alckmin tem repetido que “votar em Bolsonaro é um passaporte para a volta do PT”. O tucano acredita que o candidato do PSL perde para todos os outros presidenciáveis no segundo turno. Ciro, por vez, afirmou que o “o brasileiro não quer e não merece um segundo turno para ter de decidir entre um ‘fascista’ e as enormes contradições do PT”. Em baixa nos últimos levantamentos, Marina também deve adotar a estratégia e se colocar como opção de voto útil para conter a polarização entre Bolsonaro e Haddad.
A tática do trio pode não ter o efeito esperado. Um dado apurado na última pesquisa Ibope mostra que Bolsonaro concentra a maioria dos votos dos eleitores que se dizem anti-PT. Ou seja, à medida que Haddad se consolide como herdeiro dos votos de Lula, a eleição poderá virar um plebiscito sobre a volta do PT ao poder. Isso pode enfraquecer os demais presidenciáveis e beneficiar Bolsonaro – visto como a alternativa com maior vantagem para derrotar Haddad.
A nova pesquisa FSB-BTG Pactual divulgada nesta segunda-feira (17) dá uma pista sobre esse panorama. Bolsonaro cresceu, Alckmin caiu. As próximas semanas vão mostrar a evolução do cenário. Com a perspectiva de forte abstenção, nesse momento não é possível descartar a chance do candidato do PSL surpreender e vencer no primeiro turno.