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Reciclagem aumenta toxicidade de plásticos, alerta Greenpeace

Advertência chega às vésperas de reunião sobre o Tratado do Plástico

A reciclagem aumenta a toxicidade dos plásticos, afirma a organização ambientalista Greenpeace, em um relatório publicado nesta quarta-feira (24). Às vésperas de negociações globais sobre o Tratado de Plásticos, na próxima semana em Paris, o documento reúne dados científicos que apontam para a urgência de reduzir a produção e o uso de plástico — incompatíveis com uma economia circular.

Os plásticos reciclados contêm, geralmente, níveis mais altos de produtos químicos que podem envenenar as pessoas e contaminar as comunidades, observa o mais recente relatório da Greenpeace, que reúne investigações em todo o planeta.

A organização ambientalista adianta que, além de a reciclagem tornar o plástico mais tóxico, este processo não deve ser considerado uma solução para a crise da poluição.

“Para sempre tóxico”

O relatório assinado pela organização pretende que a equação da economia circular seja modificada no que se refere ao plástico. A economia circular é o modelo de produção e de consumo que envolve a separação, a reutilização, a reparação, a renovação e a reciclagem de materiais e produtos existentes.

Estima-se que a produção mundial de plástico triplique até 2060. Por isso, a Greenpeace defende o fim do plástico.

Graham Forbes, coordenador da Campanha Global de Plásticos da Greenpeace nos Estados Unidos, explica que “a indústria de plásticos – incluindo combustíveis fósseis, petroquímicos e empresas de bens de consumo – continua apresentando a reciclagem como a solução para a crise da poluição plástica”.

“Mas este relatório mostra que a toxicidade do plástico, na verdade, aumenta com a reciclagem. Os plásticos não têm lugar numa economia circular”, adverte.

“É claro que a única solução real para acabar com a poluição plástica é reduzir em massa a produção de plástico”, afirma Forbes. Uma investigação paralela acrescenta que a reciclagem espalha a poluição microplástica no meio ambiente.

A análise apresentada pelo grupo ambientalista descreve que os plásticos reciclados contêm níveis mais altos de produtos químicos. Entre estes estão retardadores de chama tóxicos, benzeno e outros carcinogêneos (produtos que causam câncer), poluentes ambientais como dioxinas bromadas e cloradas e vários desreguladores endócrinos que podem causar alterações nos níveis hormonais do corpo.

“Os plásticos são feitos com produtos químicos tóxicos e esses produtos químicos não desaparecem simplesmente quando os plásticos são reciclados. A ciência mostra claramente que a reciclagem de plástico é um empreendimento tóxico com ameaças à nossa saúde e ao meio ambiente, ao longo de todo o fluxo de reciclagem”, argumenta Therese Karlsson, consultora científica da Rede Internacional de Eliminação de Poluentes (IPEN).

Karlsson deixa claro que “o plástico envenena a economia circular, os nossos corpos e polui o ar, a água e os alimentos. Não devemos reciclar plásticos que contenham produtos químicos tóxicos. Soluções reais para a crise dos plásticos exigirão controles globais sobre produtos químicos em plásticos e reduções significativas na produção de plásticos”.

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