Após ameaças, Putin ordena bombardeios justificados em defesa da população russófona de Donbass, onde se concentra a indústria. Há relatos imprecisos de blindados cruzando a fronteira de Belarus
Na madrugada desta quinta-feira (24), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, autorizou a invasão militar da Ucrânia, depois de quatro meses de crise diplomática entre os países. O episódio é considerado a mais grave crise militar na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Os ucranianos afirmam ser vítimas de uma invasão total, enquanto os russos afirmam que os ataques foram pontuais, direcionados à infraestrutura militar do vizinho, que é bem menos poderoso. Os russos afirmam ter acabado com a capacidade de resposta aérea e antiaérea.
Putin fez um pronunciamento na TV afirmando que ordenou uma “operação militar especial” na região de Donbass, região de maioria russa étnica no leste ucraniano que Moscou passou a considerar formada por repúblicas separatistas. O líder russo citou emprego de mísseis de precisão, mas foi vago sobre a presença de tropas em território estrangeiro. Em Donbass está concentrada a indústria pesada da Ucrânia.
Os relatos são imprecisos. Os rebeldes russos afirmam que avançam com apoio russo. Já Kiev diz que as tropas são russas mesmo, o que configuraria uma invasão territorial clássica. Há boatos de ataques de mísseis em Odessa, no litoral do Mar Negro, e que tanques cruzaram a fronteira a partir de Belarus.
O presidente Volodymyr Zelenski divulgou vídeo confirmando o ataque russo a pontos de fronteira e bases militares, pedindo calma. Ele citou que o presidente Joe Biden prometeu apoio dos EUA.
Putin não concorda com a intenção do governo ucraniano de instalar misseis da OTAN em seu território e vinha constantemente ameaçando a nação vizinha. O presidente russo afirmou que o melhor caminho para os ucranianos era a rendição. “Quem tentar interferir ou criar ameaças para o nosso país e o nosso povo, deve saber que a resposta da Rússia será imediata e levará a consequências nunca antes experimentadas na história”, ameaçou. O autoritário líder fala em “desnazificar” a Ucrânia, se referindo ao descumprimento dos termos do Acordo de Minsk, na qual o país se comprometeu em dar alguma autonomia à população russófona. É um disparate. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, é judeu.
Em um post para rede social, o jornalista brasileiro Yan Boechat, que está em Kiev, comentou que “de longe sempre parece bem mais perigosa do que é de verdade”. Ele minimizouo risco aos civis: “Do outro lado da fronteira não está o Estado Islâmico, está um exército profissional com ligações culturais e históricas com o povo daqui”.
Comparação
Volodymyr Zelensky também exagerou na guerra narrativa ao comparar os ataques da Rússia ao da Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Em uma série de publicações nas redes sociais, o mandatário afirmou que, a partir de hoje, “nossos países estão em lados diferentes da história”.
“A Rússia atacou traiçoeiramente nosso estado pela manhã, como a Alemanha nazista fez”, escreveu nesta quinta-feira 24. “A Rússia embarcou em um caminho do mal, mas a Ucrânia está se defendendo e não desistirá de sua liberdade, não importa o que Moscou pense”.
Mais cedo, Zelensky comunicou o corte de relações com o país de Vladimir Putin. “Para todos aqueles que ainda não perderam a consciência na Rússia, é hora de sair e protestar contra a guerra com a Ucrânia”.A conta oficial da Ucrânia no Twitter postou também uma caricatura representando o líder nazista Adolf Hitler e Putin
(em atualização)
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