Durante a eleição de 2022, eleitores do hoje ex-presidente Jair Bolsonaro criticaram fortemente os chamados isentões, que diziam votar nulo por não concordar com nenhum dos candidatos que foram ao segundo turno. Essa prática, diziam, beneficiaria a candidatura de Esquerda, no caso a de Luis Inácio Lula da Silva. Ontem, porém, um dos grandes líderes da Direita bolsonarista veio a público justamente para pregar o voto nulo.
Preterido na disputa pela prefeitura por seus correligionários e por Bolsonaro, o ex-ministro do Meio Ambiente mostrou desconforto com a situação. Ele apostou em um figurino mais radical desde que se tornou deputado federal, chegando até a fustigar o governador Tarcísio de Freitas em uma reunião política, ao dizer que não havia uma administração de Direita em São Paulo. A estratégia, no entanto, deu errado. Especialmente porque Valdemar da Costa Neto avaliou que um candidato sem apelo aos eleitores de Centro não daria certo em 2024. Por isso, Valdemar apostou suas fichas no prefeito Ricardo Nunes.
Ao pregar o voto nulo e exultar seus eleitores a não participar do pleito, Salles estará beneficiando indiretamente a candidatura de Guilherme Boulos. Mas, aparentemente, isso não o incomoda. É a velha história: o inimigo do meu inimigo é meu amigão. Mesmo que seja Boulos.