Sem provas, governador afirmou que o PCC estaria recomendando voto no deputado federal.
O candidato derrotado à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), ingressou com uma notícia-crime no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito reeleito Ricardo Nunes (MDB). A ação foi motivada por declarações do governador durante o segundo turno das eleições, quando, sem apresentar provas, afirmou que a facção criminosa PCC estaria recomendando voto em Boulos.
O caso será relatado pelo ministro Kassio Nunes Marques, do SE, indicado ao cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que é aliado político de Tarcísio e Nunes.
A defesa de Boulos, representada pelo advogado Francisco Octávio de Almeida Prado Filho, argumenta que a declaração do governador teve “potencial nefasto” para influenciar a decisão dos eleitores paulistanos. “O conteúdo já era distribuído massivamente nos chamados ‘grupos de WhatsApp bolsonaristas’ antes mesmo da declaração de Tarcísio, configurando uma estratégia de fake news para impactar o processo eleitoral”, afirma o documento protocolado.
Em apoio ao psolista, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), criticou o governador, lembrando que em vez de compartilhar o material com as autoridades competentes para a devida apuração, no caso a Justiça, ele preferiu uma ação política “criminosa”.
“Nunca vi uma ação criminosa tão grave de crime eleitoral, de abuso de poder econômico como o cometido pelo governador de São Paulo no dia de hoje. Ele repetiu o laudo falso do primeiro turno, do outro adversário do nosso candidato Guilherme Boulos, usando do poder que tem, político, de ser o chefe da Polícia Militar, de ser o chefe do sistema penitenciário no nosso estado, ser o chefe da Polícia Civil, ou seja, o chefe de todos os instrumentos de inteligência, propagando uma mentira”, disse a jornalistas, em Brasília.
Boulos classificou a fala do governador como uma “declaração mentirosa.
Por ora, a campanha de Ricardo Nunes decidiu que não irá se manifestar sobre os recentes pedidos de Guilherme Boulos à Justiça.
As cartas atribuídas ao pcc
Em uma das cartas, obtidas pelo Estadão, há citação de que a facção não faz acordo com partido político, mas “se possível pedirem para seus familiares se podem apoiar votando na Marta (Suplicy) e no Boulos do PT”. O bilhete é finalizando com “agradecemos a atenção de todos”.
Em outra mensagem atribuído a um integrante do PCC, há registro de pedido de voto para a dupla de esquerda. “Meus amados, o papo de extrema importância, pois o dia da eleição está chegando e contamos com o apoio de todos”. Na sequência, há citação de que “foi esse papo que chegou até nós”.
Por fim, uma carta com supostas orientações de dois integrantes do PCC foi interceptada por autoridades em 10 de outubro, dias depois do primeiro turno. De acordo com o texto, havia determinação para não votar em Rosana Valle (PL), que disputou o segundo turno contra Rogério Santos (Republicanos), em Santos. Ela obteve 46,63%, enquanto Santos foi eleito com 53,37%.
O “salve” afirma que Rosana é “inimiga número 1? da cúpula na Baixada Santista por se alinhar com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, responsável por comandar operações nos municípios da região contra a facção criminosa.
Confira as cartas: