Marcos do Val sobre o ex-presidente: “Ele falou: ‘Anulo a eleição, Lula não toma posse, continuo na Presidência e prendo o Alexandre de Moraes”
Em um trecho gravado de apenas um minuto da entrevista do senador Marcos do Val, do Podemos-ES (no destaque), à revista Veja, ele relata que em dezembro o então presidente Jair Bolsonaro (PL) pretendia gravar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para obter provas que permitissem anular o resultado das eleições e decretar um golpe de estado. “Ele [Bolsonaro] é sem noção das consequências“, afirmou logo no início.
O áudio veiculado na tarde desta quinta-feira (2), no site da revista, derruba de vez as tentativas do senador de desconversar sobre a participação de Bolsonaro na suposta trama, revelada na manhã de hoje. Do Val chegou a dizer à imprensa que o presidente ficou em silêncio na reunião que ambos tiveram, no Palácio do Planalto, em 8 ou 9 de dezembro, na companhia do então deputado Daniel Silveira – preso hoje. A entrevista mostra que ele mentiu várias vezes desde o final da manhã.
Na entrevista, Marco do Val também diz que o presidente citou a participação de gente do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Confira: “Disse, sim. Que o GSI ia me dar o equipamento para poder montar para gravar. Aí eu falei assim, quando eu falei que ‘mas não vai ser aceito’. ‘Não, o GSI já tá avisado’. Quer dizer, já tinha validado a fala comigo. ‘Eles vão te equipar, botar o equipamento de escuta, de gravação e a sua missão é marcar com o Alexandre e conduzir o assunto até a hora que ele falar que ele, que ele avançou, extrapolou a Constituição, alguma coisa nesse sentido.’ Aí ele falou: ‘Ó, eu derrubo, eu anulo a eleição, o Lula não toma posse, eu continuo na Presidência e prendo o Alexandre de Moraes por conta da fala dele, que ele teria’.”
Todavia, nada está resolvido. Todas as declarações e denúncias ainda precisam ser comprovadas. A única certeza é que ele, de fato, afirmou que o agora ex-presidente Bolsonaro tentou dar um golpe e que o denunciante desistiu da farsa e procurou o ministro Moraes. Além disso, será preciso provar que ele esteve no Palácio do Planalto, que as mensagens trocadas com Daniel Silveira são verdadeiras e que Bolsonaro falou em golpe – o que contribuiria para as demais investigações, como a minuta comprometedora encontrada na casa do ex-ministro Anderson Torres, também detido.
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