O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, passou por uma intensa sabatina no Senado, nesta quarta-feira (24). O diplomata de carreira foi questionado sobre a atuação desastrada do Itamaraty na aquisição de vacinas e pela forma como que o país abandonou sua tradicional postura conciliadora para atacar, gratuitamente, justamente a China e a Índia, os principais fornecedores globais de insumos médicos e grandes fabricantes de vacinas. Araújo também teve que explicar a atitude sectária do Itamaraty perante as eleições americanas de 2020, com franco apoio ao candidato derrotado Donald Trump.
Indiretamente ligado ao ministro, houve também o desentendimento protagonizado pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) no Twitter. O filho 03 do presidente acusou a China de ser a causadora e a principal beneficiada pela calamidade global. “O Brasil defendeu a liberdade de expressão”, justificou Araújo sobre a defesa que fez do deputado contra o embaixador chinês, Yang Wanming. Resultado: o principal parceiro comercial do Brasil só deve atender pedidos do governo se Araújo cair.
A senadora Daniella Ribeiro (PP-PB) quis explicações do chanceler sobre qual seria sua autoridade e capacidade técnica para avaliar qualquer acordo internacional para a aquisição do spray antiviral israelense EXO-CD24, ainda em fase preliminar de testes.
As cobranças pareciam intermináveis. O ministro teve que responder sobre qual seria a sua intenção ao cogitar a saída do Brasil da Organização Mundial da Saúde (OMS). Araújo se escudou em uma suposta defesa da soberania nacional. “O senhor não entende a sua função. O senhor não sabe o que é diplomacia”, afirmou a senadora Rose de Freitas (MDB-ES). O senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) foi mais direto: “É mais digno que vossa excelência se demita do cargo. Pelos corredores, dizem que o senhor é a próxima vítima na lista do presidente Jair Bolsonaro”.