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Sobre a censura no Lollapalooza: demorou, mas chegou à esquerda

Muitos movimentos do Judiciário nos últimos tempos tiveram como motivação coibir Fake News e acabaram mirando em indivíduos ligados à direita. Algumas dessas ações descambaram para o apagamento de posts e de contas pessoais – algo que poderia ser claramente interpretado como atos de censura.

Boa parte da intelectualidade, no entanto, não protestou contra essas atitudes. Afinal, os alvos eram militantes de direita e de caráter duvidoso. O problema é que, naquele momento, estava aberto um precedente. E essa disposição chegaria, com o tempo, ao campo oposto, a Esquerda.

Ontem, chegou. Um ministro do Tribunal Superior Eleitoral proibiu manifestações políticas no festival de música Lolapalooza. Foi desobedecido por alguns artistas e os organizadores dos shows terão de pagar uma multa. A decisão do juiz eleitoral foi recebida com vaias e críticas. Mas, nesse caso, talvez estejamos atrasados em condenar o ato de censura do Judiciário.

Toda essa situação pode ser resumida por um poema escrito pelo carioca Eduardo Alves da Costa nos anos 1960 (um texto que erroneamente é atribuído ao russo Vladimir Maiakovski):

“Na primeira noite, eles se aproximam

e roubam uma flor

do nosso jardim.

E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem:

pisam as flores,

matam nosso cão,

e não dizemos nada.

Até que um dia,

o mais frágil deles

entra sozinho em nossa casa,

rouba-nos a luz, e,

conhecendo nosso medo,

arranca-nos a voz da garganta.

E já não podemos dizer nada”.

Ainda há tempo de protestar contra a censura e coibir o exagero dos magistrados. Vamos lá.

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