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Sobre os memes de Haddad: espontâneos ou encomendados?

Não há um só brasileiro que tenha deixado de ver as centenas de memes circulando nas redes sociais e ligando o ministro Fernando Haddad à cobrança de impostos. A brincadeira viralizou e o Planalto ficou incomodado. Muitos jornalistas também condenaram a enxurrada de memes. “O problema é essa cultura de que pagar imposto é uma coisa ruim”, disse um. “Isso aqui é uma coisa profissional. Tem fontes do governo dizendo que tem dinheiro investido”, comentou outra. “No futuro, você precisa regulamentar isso, porque acaba virando uma operação para desmoralizar uma pessoa. Mas esse é um tipo de operação que tem de ser coibida”, vaticinou um terceiro.

Uma parte da imprensa e o governo inteirinho resolveram resumir a onda de posts a uma ação coordenada por bolsonaristas. Mas reportagem da Folha de S. Paulo publicada nesta semana, utilizando dados da plataforma de monitoramento online Buzzmonitor, chegou à conclusão de que o movimento é totalmente espontâneo.

O brasileiro é um povo que tradicionalmente reage a dificuldades com manifestações explícitas de humor. Na ocasião da morte de Ayrton Senna, por exemplo, já circulavam piadas sobre o tricampeão de Fórmula-1 na noite seguinte ao acidente que o matou. Se isso aconteceu com um herói nacional, o que pode ocorrer com um ministro que está empenhado em aumentar a arrecadação para tapar o déficit público?

Nos quatro anos da gestão de Jair Bolsonaro, muitos apoiadores do governo não conseguiam compreender o que motivava certas críticas ao presidente – ou preferiam não as entender. Com isso, a rede ficava infestada de explicações fantasiosas sobre uma suposta origem sombria dos apupos, tentando desacreditá-los. Muitas vezes, até, essas explicações utilizavam teorias da conspiração bastante surradas para tentar fazer sentido.

Com os memes de Haddad, a coisa é parecida. Há uma tentativa de desacreditar as críticas humoradas à sanha de arrecadação de impostos empreendida pelo ministro – e, diante disso, nada como afirmar que o movimento em questão é pré-fabricado pelo bolsonarismo e que não tem respaldo popular.

Vamos dizer que todas as imagens que circulam pela internet com o ministro Haddad sejam de autoria bolsonarista. Mesmo assim, o passa e repassa destes memes não foi obra exclusiva dos opositores do Planalto. Vários internautas independentes ou centristas colocaram os memes em suas contas ou os enviaram via WhatsApp.

Este fenômeno, diga-se, não é novo e já ocorreu antes com alguém ligado ao Partido dos Trabalhadores. A diferença é que, na época em que isso aconteceu, não havia rede social para multiplicar a brincadeira, como agora. Em sua administração como prefeita de São Paulo, Marta Suplicy criou tributos novos (como o de fiscalização de estabelecimentos) e ganhou um apelido singelo: Martaxa.

Para encerrar: entre todos os memes, tenho dois favoritos. O primeiro é o que compara Haddad ao personagem Zé do Caixão, com a legenda: “À meia-noite, taxarei a sua alma”. E o segundo é uma entrevista fake à jornalista Marília Gabriela, no qual todas as suas respostas têm a ver com a cobrança de impostos.

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