Processo será feito em plenário virtual nesta terça-feira e se estende até 24 de janeiro
O Supremo Tribunal Federal (STF) começa a julgar se aceita as denúncias contra 100 pessoas acusadas de participação nos atos golpistas de 8 de janeiro, data em que as sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram invadidas e depredadas.
O julgamento será realizado no plenário virtual até as 23h59 da próxima segunda-feira (24). Nessa modalidade de julgamento, os ministros depositam os votos de forma eletrônica e não há deliberação presencial. As defesas dos 100 acusados têm até as 23h59 desta segunda-feira (17) para enviar sustentação oral por meio eletrônico.
Todas a acusações foram apresentadas pela Procuradoria-Geral da União (PGR). Ao todo, o órgão ofereceu 1.390 denúncias ao STF. A prioridade de julgamento está sendo dada aos denunciados que continuam presos. Até o momento, 86 mulheres e 208 homens seguem detidos no sistema penitenciário do Distrito Federal por envolvimento com os atos golpistas.
Ação penal
À 0h de terça (18), devem ser liberados um relatório relativo a cada um dos acusados e o voto do ministro Alexandre de Moraes sobre a abertura ou não de ação penal contra os envolvidos. Em seguida, os demais ministros podem votar, seguindo ou não o relator. A expectativa é que as denúncias sejam aceitas pelos ministros do Supremo.
Se isso ocorrer, inicia-se uma nova etapa de instrução processual, com a possível produção de novas provas e oitiva de testemunhas, inclusive a pedido das defesas. Somente depois disso é que ocorrerá o eventual julgamento sobre a culpa ou não dos réus. Não há prazo definido para que isso ocorra.
Os denunciados são acusados de diversas violações, como associação criminosa, tentativa de abolição do estado democrático de direito, tentativa de golpe de estado, incitação à animosidade das Forças Armadas contra os poderes constitucionais, depredação de patrimônio público tombado e incitação ao crime.
Até o momento, a PGR apresentou denúncias levando em consideração três grupos de infratores: os que invadiram e depredaram prédios públicos; os que acamparam em frente ao Quartel-General do Exército para incitar as Forças Armadas; e as autoridades que se supostamente se omitiram diante dos acontecimentos.
Controvérsia
A análise dos casos por meio do plenário virtual foi uma solução encontrada pelo relator, ministro Alexandre de Moraes, e pela presidente do STF, ministra Rosa Weber, para dar conta do grande volume de processos.
A situação é inédita para o STF, que nunca havia sido responsável por julgar diretamente um número tão grande de pessoas envolvidas com um único episódio. Tais processos permaneceram na instância máxima da Justiça brasileira por envolverem crimes praticados dentro da sede do tribunal, o que atrai a competência da Corte, conforme previsão de seu regimento interno.
Um dos principais desafios é o tratamento individualizado dos acusados, direito garantido pela Constituição. A PGR, por exemplo, apresentou denúncias com trechos idênticos, no caso de pessoas acusadas pelos mesmos crimes. O procedimento causa controvérsia na comunidade jurídica.
Em relatório sobre os atos antidemocráticos, as defensorias públicas da União e do Distrito Federal defenderam, por exemplo, que a responsabilização coletiva é contrária ao ordenamento jurídico nacional.
A PGR se defende afirmando que, apesar da redação similar, cada denúncia é resultado de uma análise individualizada das provas relativas a cada denunciado. O órgão alega seguir o que a doutrina chama de “imputação recíproca”, em que os participantes de um grupo circunstancial de pessoas respondem em conjunto.
As críticas às denúncias apresentadas até o momento levaram o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal, a garantir em plenário, em março, que cada denunciado terá tratamento individualizado.
“O Supremo Tribunal Federal está analisando de forma detalhada e individualizada para que, rapidamente, aqueles que praticaram crime sejam responsabilizados nos termos da lei. Quem praticou crime mais leve terá sanção mais leve, quem praticou crime mais grave terá sanção mais grave”, disse Moraes.
O que MONEY REPORT publicou:
- PF começa a ouvir 81 militares sobre o 8 de Janeiro
- PGR envia ao Supremo mais 203 denúncias sobre atos golpistas
- Ex diz que coronel PM mentiu à CPI do golpe
- Quem é o major PM preso por atentar contra a democracia
- A direita e as experiências com Bolsonaro, Collor e Jânio
- Moraes mantém 294 presos acusados de golpismo
- Torres diz que minuta incriminadora é “lixo” e “texto folclórico”
- Moraes determina retorno de Ibaneis ao governo do DF
- MPF investigará uso da Abin para monitorar celulares
- Quem deu a ordem ilegal para a Abin monitorar celulares?
- Moraes autoriza Torres a explicar minuta de golpe
- Militares teriam auxiliado na fuga de golpistas, diz policial
- Lula transfere agência de inteligência do GSI para a Casa Civil
- Moraes autoriza investigação de militares envolvidos no ataque golpista
- AGU cobra devolução de R$ 20,7 mi de financiadores de atos golpistas
- PF prende coronel, capitão, tenente e major da polícia do DF
- Podcast: Golpe Tabajara com drible de Xandão no senador hesitante
- Marcos do Val vai de denunciante a investigado em 48 horas
- Moraes confirma conversa com senador Marcos do Val
- Moraes concede liberdade a ex-comandante da polícia do DF
- Bolsonaro: como Trump, um mau perdedor?
- Senador admitiu à Veja que Bolsonaro armava golpe
- Os 16 furos na denúncia de Marcos do Val
- Moraes autoriza PF ouvir Marcos do Val. Confira as mensagens golpistas
- Senador revela como Bolsonaro tentaria golpe de estado
- AGU quer afastar servidores envolvidos em golpismo
- Anderson Torres disse ser alvo de “coisas inimagináveis”
- STF pede investigação de Costa Neto por destruir documentos golpistas
- Justiça bloqueia bens de 40 presos por depredação golpista
- Interventor mostra como militares e PMs permitiram ataques
- Moraes manda PF enviar minuta do golpe ao TSE
- Anderson Torres disse ser alvo de “coisas inimagináveis”
- Em breve, o feirão das delações
- Para 83%, ataque deve ser tratado como terrorismo
- Lula demite comandante do Exército
- PF faz busca e apreensão na casa de Ibaneis e ex-secretário no DF
- Bolsonarista que tentou explodir caminhão pegou bomba em acampamento
- Como a Guarda Presidencial permitiu invasão ao Planalto
- PF prende terceiro suspeito de financiar atos golpistas
- Governo Lula dispensa militares
- Como foi a prisão do segundo envolvido com bomba em Brasília
- Ministro do TSE dá 3 dias para Bolsonaro explicar minuta de decreto
- Suspeita de financiar atos golpistas em Brasília é presa no RJ
- Três suspeitos de atentado a bomba no Aeroporto de Brasília viram réus
- Policial civil do Rio é suspenso por apoio a ato antidemocrático
- Anderson Torres é preso pela Polícia Federal
- PGR quer investigar Bolsonaro
- Moraes autoriza inquérito para investigar Ibaneis e Torres
- Confira o que é preciso descobrir sobre o ataque golpista
- Minuta de decreto previa quebra de sigilo de ministros
- PF encontra na casa de Torres minuta para mudar resultado da eleição
- A mancada que virou tesouro investigativo
- AGU pede o bloqueio de bens de financiadores dos atos golpistas
- Depois das Forças Armadas, a quem os bolsonaristas vão apelar?
- Todos os bolsonaristas são radicais?
- A turba escolheu o alvo errado
- Moraes determina prisão de ex-ministro da Justiça de Bolsonaro
- Moraes ordena prisão de chefe da PM do DF
- Urina e fezes ajudarão a localizar vândalos
- AGU pedirá bloqueio de mais de 100 empresas por financiar golpe
- Senado confirma intervenção federal na segurança pública do DF
- Ao lado de Lula, governadores condenam atos antidemocráticos
- A aposta no caos econômico é um tiro no pé
- Senado atinge assinaturas para instalar ‘CPI do Terrorismo’
- Pressionado, Bolsonaro baixa hospital
- Acampados no QG do DF vão parar na delegacia
- Presos no QG do Exército chegam a 1.200
- Alexandre de Moraes afasta governador do DF
- ÁUDIO – Secretário de Segurança tranquilizou governador antes dos ataques
- O day after do terrorismo
- Líderes mundiais e imprensa internacional condenam golpismo
- Uma longa cadeia de omissões
- Os atos golpistas em imagens