Cerca de 28 mil comprimidos foram para a Marinha, que pagou ate 143% acima do preço de mercado. Também foram comprados remédios para calvície
As Forças Armadas aprovaram pregões para comprar 35.320 comprimidos de Viagra, medicamento usado para tratar de disfunção erétil. Os dados são do portal da Transparência e do painel de preços do governo, compilados pelo deputado Elias Vaz (PSB-GO). Oito processos de compra foram aprovados desde 2020 e ainda estão em vigor. O medicamento aparece sob o nome genérico Sildenafila, nas dosagens de 25 mg e 50 mg. A maior parte dos medicamentos é destinado à Marinha, com 28.320 doses; mas o Exército (5 mil) e a Aeronáutica (2 mil) também são atendidos. Há indícios de superfaturamento de até 143% no lote da Marinha, o maior.
Explicação
O deputado Elias Vaz pediu explicações sobre a aquisição. A Marinha teria pago R$ 3,65 o comprimido, já para o Exército o valor ficou em R$ 1,50 a unidade. As compras foram iniciadas em 2020. “Precisamos entender por que o governo Bolsonaro está gastando dinheiro público para comprar Viagra e nessa quantidade tão alta. As unidades de saúde de todo o país enfrentam, com frequência, falta de medicamentos para atender pacientes com doenças crônicas, como insulina, e as Forças Armadas recebem milhares de comprimidos de Viagra. A sociedade merece uma explicação”, reclamou o deputado. As informações são da coluna de Bela Megale para O Globo e G1.
Em nota enviada ao jornal O GLOBO, a Marinha e a Aeronáutica disseram que o medicamento é utilizado para tratar pacientes com hipertensão arterial pulmonar (HAP), descrita na nota como “uma síndrome clínica e hemodinâmica que resulta no aumento da resistência vascular na pequena circulação, elevando os níveis de pressão na circulação pulmonar”. A justificativa parece condizente, mas a síndrome é considerada rara e não foi informado quantos militares da ativa e da reserva sofrenbdo com HAP foram atendidos. Os relatórios também mostram que a pasta adquiriu medicamentos para combater calvície.