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Suspeito de plágio, Marques vê sua sabatina no Senado se complicar

Marcada para 21 de outubro, a sabatina no Senado com o indicado a ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), desembargador Kassio Nunes Marques, ganha perguntas cada vez mais difíceis e embaraçosas. Depois de o portal Estadão ter descoberto, na tarde desta terça-feira (6), que o escolhido por Bolsonaro para a vaga de Celso de Mello não havia feito pós-graduação em “Contratación Pública” pela Universidad de La Coruña, na Espanha, como afirmava em seu currículo, a revista Crusoé publicou nesta quarta-feira (7) uma reportagem de capa apontando que sua tese de mestrado na Universidade Autônoma de Lisboa, em 2015, apresenta trechos grosseiramente plagiados. Ele também teria falseado que fez um pós-doutorado na Universidade de Messina, na Itália. Assim com em La Coruña, Marques só teria participado de ciclos de palestras, conforme afirmaram ambas as instituições.

Por meio da ferramenta digital Plagium, as 127 páginas do mestrado foram examinadas. Há trechos inteiros que saíram de quatro artigos publicados na internet pelo advogado Saul Tourinho Leal, que atua no escritório do ex-ministro do STF Carlos Ayres Britto. Tourinho Leal não é citado como fonte por Marques. Até erros de digitação foram mantidos, indicando “copia e cola” sem mera revisão do corretor ortográfico do computador. Seria o caso da palavra “Namíbia”, que em ambos os arquivos está grafada “Naníbia”. A ferramenta apontou 46% de semelhança com outros textos.

O caso pode ser um pouco mais complicado e embaraçoso. Ao ser baixado, o arquivo da tese de Marques apresenta como autor na janela “Document Properties” do Word o nome “Saul”, o que pode indicar que o advogado escreveu parte do trabalho do desembargador.

Em nota à coluna Radar, da Veja.com, Saul Tourinho Leal negou ter sido plagiado, já que o material pesquisado e publicado é fruto de um trabalho conjunto de ambos: “Os artigos acadêmicos citados na referida reportagem são frutos de debates, discussões e troca de informações acadêmicas, que, em conjunto com o desembargador Kassio Marques, constituíram um acervo doutrinário comum para ser utilizado na produção acadêmica de ambos. Por isso, são infundadas as acusações feitas pela reportagem”

Mesmo com as denúncias de plágio e mentiras curriculares, Bolsonaro ainda estaria comprometido com a indicação Marques, que é do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), sediado em Brasília. Porém, ainda não se sabe até quando. No domingo (4), ambos estiveram em um jantar na casa do ministro do STF Dias Toffoli. Proveniente do quinto constitucional, destinado a advogados, Marques também foi juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Piauí (TRE-PI) e chegou ao TRF-1 em 2011, indicado pela então presidente Dilma Rousseff.

A prática condenável de falsear o currículo se repete no atual governo – houve o caso do ministro da Educação Carlos Alberto Decotelli – e também pode ser encontrada no mundo corporativo.

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