Aplicativo investigará notícias potencialmente enganosas, abrirá um canal de denúncias e alertará para desinformação
O Telegram assinou um novo acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em que se compromete a reforçar medidas contra a disseminação de fake news. O acordo determina a criação de um canal de denúncias, o desenvolvimento de meios para divulgação de informações oficiais sobre as eleições e a marcação explícita de conteúdos considerados desinformativos no app.
Com isso, o TSE terá um canal verificado na plataforma digital, voltado para tirar dúvidas e divulgar informações verificadas sobre o processo eleitoral — assim como acontece no WhatsApp e em outras plataformas. Como parte do combinado, o Telegram oferecerá “suporte técnico” para a criação da assistente virtual “tira-dúvidas”.
“O TSE é o primeiro organismo eleitoral do mundo a assinar um acordo dessa natureza com a plataforma, que prevê uma série de ações concretas e específicas”, afirmou o tribunal. O acordo durará até 31 de dezembro deste ano.
Além desse contato oficial, o pacto também determina a implementação de uma funcionalidade capaz de marcar conteúdos potencialmente desinformativos. Não se sabe exatamente como o recurso funcionará, mas possivelmente será semelhante ao que existe no WhatsApp — lá, notícias divulgadas em massa são acompanhadas por uma lupa, cujo toque leva o usuário para uma pesquisa relacionada ao assunto no Google.
Em complemento, será criado um canal extrajudicial ao TSE para recebimento de denúncias dentro do Telegram. O contato terá como finalidade levar notícias potencialmente enganosas para investigação do próprio Telegram, que verificará se os canais mencionados violaram políticas internas.
Relação conflituosa
Este não é o primeiro acordo que o Telegram assume com autoridades brasileiras. Em março, a plataforma aderiu ao Programa de Enfrentamento à Desinformação do TSE. O desenvolvimento dessa relação de colaboração, porém, não aconteceu sem obstáculos. Também em março, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o bloqueio do Telegram no país. A ação foi motivada pelos meses de tentativas de contato ignoradas pelo mensageiro.
Contudo, pouco tempo depois a empresa se manifestou e se mostrou atenta às demandas de autoridades brasileiras. No dia seguinte, a companhia divulgou sete medidas voltadas ao combate à desinformação no Brasil alinhadas com as exigências nacionais, incluindo moderação de conteúdo em canais populares e a nomeação de um representante oficial, o Alan Campos Elias Thomaz.
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