Publicação liberal analisa o clima político e até oferece uma solução bem brasileira em caso de derrota – ainda que fora da Constituição
Bíblia do liberalismo, a revista britânica The Economist questionou em sua edição desta semana se o presidente Jair Bolsonaro (PL) poderia tentar se declarar vencedor das eleições, ignorando o resultado das urnas e um golpe. O atual mandatário chegou a ser chamado de Trump dos Trópicos, relembrando que o ex-presidente americano não aceitou sua derrota, o que culminou na invasão do Capitólio por parte de seus apoiadores, e que o brasileiro disse, à época, que sem voto impresso, o Brasil teria o mesmo problema dos EUA.
A análise de três páginas também aborda a desconfiança dos brasileiros sobre o que os altos escalões militares poderiam fazer caso Bolsonaro tente liderar um movimento antidemocrático. Segundo a revista, o presidente está em apuros e para ser reeleito não pode mais alegar que é um outsider na política ou que acabou com a corrupção. Daí aponta que ele está em desvantagem seguindo as regras e, por isso, tenta reescrevê-las.
A texto ainda lembra dos ataques de Bolsonaro e seus apoiadores às urnas eletrônicas, além da defesa do voto impresso, bem como as fake news farta e constatemente disseminadas. A derrota do presidente nas eleições é quase certa. “Ele deveria jogar limpo na disputa eleitoral”, pontuou a publicação. Em seu último parágrafo, é indicada uma solução “menos perigosa” e bem brasileira, ainda que uma afrontosa impossibilidade legal. “Se Bolsonaro perdesse, poderia negociar sua saída em troca de imunidade, no que os cientistas políticos chamam de ‘transição pactuada’. Assim terminou o regime militar”.