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Todos os bolsonaristas são radicais?

Todos os bolsonaristas são conservadores. Alguns mais nas questões econômicas, outros na agenda de costumes – e muitos em ambos os quadrantes. Mas nem todos são radicais como os desequilibrados responsáveis pelo episódio lamentável de domingo. Boa parte dos seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro, porém, compreende a insatisfação que levou esses aloprados a invadir os prédios públicos em Brasília (mesmo aqueles que condenam a atitude). E vários – põe “vários” nisso – usam como explicação para a balbúrdia não a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, mas aquilo que chamam de “ditadura do Supremo Tribunal Federal” e os supostos exageros cometidos pelo ministro Alexandre de Moraes antes, durante e após o pleito de outubro. Por isso, há muitos conservadores que se compadecem com os golpistas da Praça dos Três Poderes – e mesmo aqueles que acreditam ser a depredação obra de infiltrados da esquerda.

Mais práticos, muitos políticos ligados a Bolsonaro perceberam rapidamente que não havia espaço para compaixão em relação aos baderneiros, especialmente aqueles que destruíram o patrimônio público (incluindo aqueles néscios que perfuraram uma obra de Di Cavalcanti). Esses mentecaptos, que realizaram atos que podem ser interpretados como terrorismo, precisam ser punidos – e este é o consenso no Congresso Nacional.

O antipetismo, que move 99 entre cada 100 bolsonaristas, é um sentimento poderoso, capaz de cegar quem experimenta essa sensação. Neste sentido, os desequilibrados de Brasília acabam sendo perdoados pelos conservadores porque são companheiros de armas – ou têm sua responsabilidade nas depredações relevada por este grupo.

O problema, entretanto, está no fanatismo. É possível ser antipetista, conservador e bolsonarista sem ser fanático. O conservadorismo não é uma redoma habitada apenas pelos maníacos extremistas. Há muitos conservadores inteligentes e sensatos – muitos dos quais condenaram veementemente o vandalismo ocorrido no domingo.

Assim, podemos concluir que todo extremista de direita é bolsonarista; mas nem todo bolsonarista é extremista. Mas, como estamos vivendo uma realidade polarizada, acabamos enxergando uma só massa dos dois lados mais expressivos do espectro ideológico.

O mesmo vale para a esquerda. Nem todos esquerdistas são comunistas ou a favor de invasões da propriedade privada. Mas a maioria segue uma agenda progressista de costumes e tem uma visão estatizante da economia.

O maior desafio do Brasil, de agora em diante, será neutralizar os extremos ideológicos, especialmente a direita radical, que enveredou pela violência. É preciso erguer, como se diz no Hino Nacional, a clava forte em direção aos vândalos – mas tomar cuidado para não cometer injustiças.

Mas não se pode compactuar com a desfaçatez com a qual esses obtusos se comportaram, mostrando um desrespeito incomum ao patrimônio público e ao Estado Democrático de Direito. A Polícia Federal está analisando literalmente centenas de vídeos postados nas redes sociais nos quais os autores estão se gabando da depredação que realizaram. Esse comportamento mostra que os golpistas apostaram forte na impunidade.

Uma vez neutralizado esse braço extremista, é preciso encontrar uma forma de se pacificar o país. Mas, como? Que fórmula seria essa? Estamos falando de um Brasil dividido, no qual metade é atormentada pelo inconformismo. Qual seria a solução para fazer petistas e bolsonaristas conviverem civilizadamente?

Por enquanto, só nos resta o conflito permanente. Mas é necessário encontrar um jeito de criar tolerância e respeito à opinião alheia. É difícil. Mas, se não tentarmos fazer isso e não dermos o primeiro passo, será uma tarefa impossível de se realizar.

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