TÓQUIO (Reuters) – Mais de 82 mil simpatizantes prestaram suas homenagens ao Imperador Akihito, que completou 85 anos neste domingo, em sua última celebração de aniversário no Palácio Imperial de Tóquio antes que abdique ao trono no ano que vem.
O aniversário do imperador do Japão, cuja posição é cerimonial e sem poder político, é tradicionalmente marcado por um feriado nacional e um discurso no palácio, que fica aberto ao público no dia.
A multidão de 82.850 pessoas, segundo a Agência da Casa Imperial, foi a maior em cerimônias de aniversário desde o início do reinado de Akihito, três décadas atrás, conhecido como a era “Heisei”, que significa “alcançando a paz” em japonês.
Akihito, ao lado de sua esposa, do filho mais velho Naruhito e de outros membros da família imperial em uma sacada, dirigiu-se a simpatizantes que agitavam pequenas bandeiras japonesas e seguravam seus smartphones.
“Meus pensamentos estão com aqueles que perderam membros da família ou pessoas próximas, ou sofreram danos e cujas vidas estão atualmente prejudicadas”, disse ele, referindo-se aos desastres naturais que atingiram o Japão no ano passado.
Terremotos, tempestades severas e ondas de calor mataram centenas de pessoas, destruíram casas e interromperam cadeias de suprimento, atrapalhando as perspectivas de futuro para a economia japonesa, muito dependente de exportações.
Junto com a imperatriz Michiko, Akihito passou grande parte do seu reinado lidando com o legado da Segunda Guerra Mundial, que foi lutada em nome de seu pai, Hirohito, e consolando vítimas de desastres naturais.
“Eu gostaria de agradecê-lo por estar ao nosso lado, o povo japonês, e gostaria que ele descansasse e desfrutasse de seu tempo a partir de agora”, disse Kazuyo Toyama, de 46 anos, residente em Nagoya.
Akihito, que fez cirurgia cardíaca e tratamento para câncer de próstata, deve deixar o cargo no dia 30 de abril, passando o Trono do Crisântemo para o príncipe herdeiro Naruhito, de 58 anos.
A última vez que um imperador japonês abdicou do trono foi em 1817.
Embora ele não possa influenciar diretamente a política do governo, Akihito criou uma consciência mais ampla do passado de guerra do Japão ao longo de seu reinado simbólico, disseram especialistas.
Em comentários feitos à mídia antes de seu aniversário, Akihito disse que “é importante não esquecer que inúmeras vidas foram perdidas na Segunda Guerra Mundial… e passar essa história com precisão para aqueles que nasceram depois da guerra”.
Sua postura conciliatória contrasta com gestos feitos pelo primeiro-ministro Shinzo Abe, que adotou um tom menos defensivo sobre a agressão militar do Japão no passado.
Akihito também acenou aos trabalhadores estrangeiros, dizendo esperar que “o povo japonês dê calorosas boas vindas àqueles que vêm ao Japão para trabalhar, para que se sintam como membros da nossa sociedade”.
O Japão promulgou uma lei neste mês para permitir que mais operários estrangeiros entrem no país de forma a aliviar a escassez de mão-de-obra, apesar de críticas de que a lei foi feita às pressas e permite expor os trabalhadores a condições de exploração.
(Por Daniel Leussink e Mayuko Ono)