Por James Oliphant
WASHINGTON (Reuters) – À medida que a paralisação parcial do governo dos Estados Unidos chega ao marco de quatro semanas nesta sexta-feira, as tensões aumentam em Washington contra ambos os lados do impasse desencadeado pela demanda do presidente norte-americano, Donald Trump, por 5,7 bilhões de dólares para financiar um muro na fronteira dos EUA com o México.
O ultimato, rejeitado por parlamentares democratas, tem impedido o Congresso de aprovar uma legislação para restaurar o financiamento de cerca de um quarto do governo federal, que fechou parcialmente em 22 de dezembro quando os recursos de diversas agências expiraram por razões não relacionadas à fronteira.
A Câmara dos Deputados, liderada pelos democratas, iniciou um fim de semana prolongado, voltando à ativa na terça-feira. O Senado deve se reunir na sexta-feira, mas seus planos ainda estão incertos.
O Senado, controlado pelos republicanos, está seguindo as orientações de Trump quanto ao muro e não colocou para votação nenhum dos diversos projetos de lei aprovados nos últimos dias na Câmara dos Deputados sem recursos para à barreira, que poderiam pôr fim à paralisação.
A paralisação parcial, já a mais longa da história dos Estados Unidos, parece pronta para se arrastar até a próxima semana, fazendo com que 800 mil funcionários públicos continuem sem receber e que algumas funções do governo permaneçam comprometidas.
Qualquer debate sério sobre políticas migratórias tem se transformado em um teste de poder político. Depois que a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, sugeriu que Trump adiasse seu discurso anual sobre o Estado da União até que a paralisação terminasse, o presidente respondeu impedindo que Nancy e uma delegação de parlamentares usassem um avião militar para viagem à Bélgica e ao Afeganistão.
A medida de Trump impediu a viagem no momento em que Nancy e os outros parlamentares estavam prestes a deixar o país.
Durante evento no Pentágono na quinta-feira, Trump reiterou seu pedido de que o Congresso forneça financiamento para ajudar a construir o muro de fronteira, que ele diz ser necessário para conter o fluxo de imigrantes ilegais e o tráfico de drogas.
Democratas têm rejeitado a barreira, que classificam como inviável e um desperdício de recursos.
A Câmara dos Deputados tem aprovado projetos de lei orçamentários de curto prazo que encerrariam a paralisação, mas o líder republicano do Senado, Mitch McConnell, tem se recusado a levá-los à votação, dizendo que as legislações não têm apoio da Casa Branca.
O assessor de um deputado republicano disse à Reuters na quinta-feira que nenhuma conversa de bastidores para resolver o impasse está sendo realizada.
(Reportagem adicional de Susan Cornwell e Richard Cowan)