SÃO PAULO (Reuters) – A balança comercial brasileira encerrou 2018 com superávit de 58,298 bilhões de dólares, queda de 13 por cento sobre o dado recorde de 2017, em meio ao crescimento mais forte das importações que das exportações, informou o Ministério da Economia nesta quarta-feira.
Mesmo assim, a performance anual foi a segunda mais forte da série histórica iniciada pelo governo em 1989, no momento em que o governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) assume com a promessa de abrir o mercado brasileiro e diminuir tarifas sobre importados.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, já afirmou publicamente que o antigo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), agora incorporado pelo Ministério da Economia, havia se transformado numa trincheira na defesa do protecionismo.
No ano passado, uma performance mais forte da atividade econômica deu impulso às compras de produtos importados, que avançaram 19,7 por cento sobre 2017, a 181,225 bilhões de dólares, atingindo o maior valor desde 2014.
Em nota, o Ministério da Economia informou que houve aumento de importações em todas as grandes categorias econômicas: bens de capital (76,5 por cento), bens intermediários (11,6 por cento), bens de consumo (9,1 por cento) e combustíveis e lubrificantes (24,9 por cento).
A expansão das exportações, por sua vez, foi de 9,6 por cento, a 239,523 bilhões de dólares, no nível mais alto dos últimos cinco anos.
Por fator agregado, houve crescimento das exportações de produtos básicos (17,2 por cento) e manufaturados (7,4 por cento), enquanto os produtos semimanufaturados registraram redução de 3,1 por cento.
Em meio à guerra comercial entre Estados Unidos e China, os principais mercados de destino das exportações brasileiras tiveram crescimento –as exportações para a China aumentaram 32,2 por cento, para a União Europeia cresceram 20,1 por cento e para os EUA subiram 6,6 por cento.
A Argentina continuou sendo o principal parceiro comercial do Brasil na América Latina, mas as exportações para os argentinos em 2018) caíram 15,5 por cento na comparação com 2017, sendo o setor automotivo o mais impactado.
Em 2018, as vendas de soja, principal item da pauta exportadora brasileira, foram ajudadas pelas tensões comerciais e bateram recorde em quantidade e valor.
Isso porque a China impôs em julho tarifa de 25 por cento sobre a soja dos EUA, respondendo a medidas do governo de Donald Trump de taxar importados chineses para forçar a revisão da pauta comercial e diminuir o déficit com o gigante asiático.
A medida abriu caminho para aquisição de mais grãos do Brasil. No geral, a exportação da oleaginosa chegou a 83,8 milhões de tonelada e 33,3 bilhões de dólares em 2018.
DEZEMBRO
Em dezembro, as trocas comerciais ficaram positivas em 6,639 bilhões de dólares. No mês, as exportações cresceram 11,1 por cento sobre igual mês de 2017, pela média diária, a 19,556 bilhões de dólares.
Na ponta das importações, o aumento foi de 2,5 por cento sobre dezembro de 2017, a 12,917 bilhões de dólares.
(Por Camila Moreira)