Por Antonio Denti e Angelo Amante
ROMA (Reuters) – O ex-guerrilheiro italiano Cesare Battisti chegou a Roma nesta segunda-feira após ser expulso da Bolívia, seu último esconderijo, quase quatro décadas após ter fugido de uma prisão italiana.
Battisti, de 64 anos, foi condenado à revelia à prisão perpétua por seu envolvimento em quatro assassinatos –dois policiais, um joalheiro e um açougueiro– nos anos 1970 como membro do grupo de extrema-esquerda Proletários Armados pelo Comunismo.
O governo italiano recebeu com entusiasmo a notícia da prisão de Battisti no fim de semana em Santa Cruz de la Sierra, maior cidade da Bolívia. Tanto o ministro do Interior quanto da Justiça aguardavam quando o avião que transportava o ex-fugitivo aterrissou no aeroporto Ciampino.
“É um dia que esperamos há 37 anos”, disse o ministro do Interior, Matteo Salvini, de extrema-direita, chamando Battisti de “assassino, delinquente, covarde, que nunca pediu perdão”.
O ex-guerrilheiro admite ter sido membro do grupo, mas nega ter assassinado qualquer pessoa.
O presidente Jair Bolsonaro recebeu nesta segunda-feira um telefonema de Salvini, agradecendo o empenho do governo brasileiro no caso Battisti, segundo nota divulgada pelo Palácio do Planalto.
Salvini, segundo a nota, ressaltou na conversa por telefone que “sem a intervenção do presidente Bolsonaro a extradição não teria se concretizado e que o presidente brasileiro tem excelente imagem junto ao povo italiano”.
“Para o presidente Bolsonaro, a conclusão do caso Battisti é um grande sinal que o Brasil dá de que não aceitará mais criminoso travestido de perseguido político, assim como simboliza o fim da impunidade nacional e internacional”, diz a nota.
PROMESSA
Depois de fugir em 1981, ele morou na França e mudou-se para o Brasil para evitar a extradição. Battisti, que tem um filho brasileiro de 5 anos, morou no Brasil com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro havia prometido devolver Battisti à Itália. Em dezembro, o presidente Michel Temer assinou a extradição do italiano, o que o levou a fugir para a Bolívia.
O ex-militante comunista foi encontrado na Bolívia, onde entrou ilegalmente, e preso no sábado por uma equipe da Interpol.
“Com ao menos quatro assassinatos em sua consciência, (Battisti) viveu bem entre Paris e o Rio de Janeiro por muitos anos, graças também à cumplicidade de governos estrangeiros”, disse Salvini em uma entrevista à TV RAI.
Battisti, que se tornou um escritor de livros de crime de sucesso durante seu tempo em fuga, disse no ano passado que temia ser torturado e morto se fosse mandado de volta à Itália.
(Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello, em Brasília)