(Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro afirmou, em entrevista à TV Record, que as denúncias contra seu filho Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) são uma tentativa de atingi-lo e fez uma defesa enfática do senador eleito, que está sob investigação por suspeita de movimentação atípica detectada pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
“Acredito nele, a pressão enorme em cima dele é para tentar me atingir”, disse Bolsonaro na entrevista realizada na noite de quarta-feira em Davos, na Suíça, por ocasião do Fórum Econômico Mundial.
“Ele tem explicado tudo que acontece com ele nessas acusações infundadas que têm sido feitas. Ele teve sim seu sigilo quebrado, fizeram uma arbitrariedade para cima dele nessa questão… Não é justo atingir um garoto, fazer o que estão fazendo com ele, para tentar me atingir”, acrescentou Bolsonaro, que concluiu com mensagem ao filho dizendo que “tudo será esclarecido com toda a certeza”.
Flávio Bolsonaro, que é deputado estadual e assumirá o mandato de senador em fevereiro, é alvo de investigação na esfera cível da Justiça do Rio devido a movimentações financeiras atípicas. Ele nega ter cometido qualquer irregularidade.
Segundo reportagens do Jornal Nacional, da TV Globo, o Coaf identificou 48 depósitos de 2 mil reais entre junho e julho de 2017 e um pagamento de pouco mais de 1 milhão de reais de um título bancário da Caixa Econômica Federal na conta de Flávio Bolsonaro.
Na terça-feira foi revelado também que Flávio empregou em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro a mãe e a mulher de um ex-policial acusado de liderar uma organização criminosa com atuação de milícia.
Além disso, um ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz, também é investigado por movimentações atípicas identificadas pelo Coaf.
Antes de defender o filho na entrevista à Record, Bolsonaro havia afirmado, em entrevista à Bloomberg também em Davos, que “se por acaso ele (Flávio) errou, e isso for provado, eu lamento como pai, mas ele terá que pagar o preço por essas ações”.
O vice-presidente e presidente em exercício, general Hamilton Mourão, disse também na quarta-feira que é preciso investigar o caso envolvendo Flávio Bolsonaro, e que se ficar comprovada participação dele, deve sim acarretar em eventuais punições.
“Apurar e punir se for o caso”, disse Mourão, em entrevista na saída do seu gabinete no Palácio do Planalto.
Já o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, tentou afastar o caso do governo federal. “No governo do presidente Bolsonaro nós estamos todos focados em trabalhar pelo país… As questões que envolvem a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro estão circunscritas… lá no Rio de Janeiro”.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)