PEQUIM/XANGAI (Reuters) – A China e os Estados Unidos avançaram em “questões estruturais” como a transferência forçada de tecnologia e os direitos de propriedade intelectual durante conversas nesta semana, e mais negociações estão sendo organizadas, informou o Ministério do Comércio chinês nesta quinta-feira.
Os três dias de conversas em Pequim, encerrados na quarta-feira, foram as primeiras negociações frente a frente desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente chinês, Xi Jinping, se encontraram em Buenos Aires e estabeleceram uma trégua de 90 dias na guerra comercial que tem interrompido o fluxo de centenas de bilhões de dólares em bens.
Inicialmente as negociações estavam planejadas para durar apenas dois dias, mas foram prorrogadas porque ambos os lados estavam “sérios” e “honestos”, disse o porta-voz do Ministério de Comércio da China, Gao Feng, em coletiva de imprensa.
Questionado sobre o posicionamento da China sobre questões como a transferência forçada de tecnologia, os direitos de propriedade intelectual, barreiras alfandegárias e ataques cibernéticos, e se Pequim estava confiante de que poderia chegar a um acordo com os EUA, Gao disse que essas questões “são uma parte importante dessas negociações comerciais”.
“Houve progresso nessas áreas”, disse, sem fornecer mais detalhes.
Os Estados Unidos apresentaram à China uma longa lista de demandas, que alterariam completamente o relacionamento comercial entre as duas maiores economias do mundo.
As exigências incluem mudanças nas políticas chinesas sobre a proteção de propriedade intelectual, transferências de tecnologia, subsídios industriais e outras barreiras não alfandegárias ao comércio.
A China tem repetidamente minimizado denúncias de violações de propriedade intelectual e negado acusações de que companhias estrangeiras são forçadas a transferir tecnologias.
Após quase metade dos 90 dias de trégua, houve poucos detalhes concretos sobre qualquer progresso atingido.
Em jogo está o previsto aumento de tarifas dos Estados Unidos contra 200 bilhões de dólares em importações chinesas.
Trump tem dito que irá aumentar essas tarifas para 25 por cento, contra os 10 por cento atuais, se nenhum acordo for alcançado até o dia 2 de março, e tem ameaçado taxar todas as importações da China se Pequim não ceder às demandas norte-americanas.
(Reportagem de Yawen Chen e Martin Pollard, em Pequim, e John Ruwitch e Josh Horwitz, em Xangai)