Por Vivian Sequera
CARACAS (Reuters) – A disputa pelo controle da Venezuela se intensificou nesta quarta-feira depois que o governo iniciou um inquérito que pode levar à prisão do líder opositor e autoproclamado presidente interino Juan Guaidó, que pediu novos protestos de rua.
A Suprema Corte da Venezuela impôs uma proibição de viagens a Guaidó e congelou suas contas bancárias, em uma aparente retaliação às sanções adotadas pelos Estados Unidos ao petróleo venezuelano, que devem abalar consideravelmente a economia já em crise do país-membro da Opep.
Guaidó foi reconhecido como presidente pelos EUA e pela maioria dos países da América Latina, o que representa o maior desafio ao presidente Nicolás Maduro em seus seis anos no poder.
O parlamentar opositor de 35 anos, que é presidente da Assembleia Nacional, quer novas eleições, argumentando que Maduro conquistou um segundo mandato de forma fraudulenta no ano passado. Guaidó está oferecendo uma anistia para convencer os militares a debandarem para seu campo.
Maduro, que acusa Guaidó de dar um golpe direcionado por Washington, ainda tem o apoio dos altos escalões militares, e é improvável que se curve — a menos que isso mude.
Rússia e China também são benfeitores cruciais que o apoiam no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
Nesta quarta-feira Maduro rejeitou os clamores por uma eleição presidencial antecipada, que chamou de chantagem, e reiterou que está disposto a conversar com a oposição e um possível terceiro país mediador, relatou a agência de notícias russa RIA.
“Há vários governos, organizações globalmente, que estão demonstrando sua preocupação sincera com o que está acontecendo na Venezuela, eles pediram um diálogo”, disse Maduro, segundo citação da RIA.
Dado o fracasso de rodadas de negociação anteriores, inclusive uma liderada pelo Vaticano, os oponentes estão desconfiados, acreditando que Maduro as usa para conter os protestos e ganhar tempo.
Agora que a crise da Venezuela está aprofundando um confronto geopolítico entre Washington e Moscou em vários locais de conflito de todo o mundo, Maduro também expressou “prazer e gratidão” pela ajuda de Putin.
A Rússia emprestou e investiu bilhões de dólares na Venezuela, e fontes disseram à Reuters que fornecedores militares privados que realizam missões secretas para Moscou estão na Venezuela.
(Reportagem adicional de Gabrielle Tétrault-Farber e Maria Kiselyova, em Moscou)