Por Josh Smith e David Ljunggren
SEUL/OTTAWA (Reuters) – O empresário canadense Michael Spavor, ligado ao líder norte-coreano, Kim Jong Un, foi detido por autoridades da China devido à suspeita de pôr em risco a segurança do Estado, noticiou a mídia estatal chinesa nesta quinta-feira.
Spavor, consultor de negócios que tem laços profundos com a Coreia do Norte, já andou de jet ski com Kim Jong Un e sentiu o chão tremer durante um teste nuclear norte-coreano.
O governo do Canadá diz não ter conseguido contatá-lo, e ligações, mensagens e e-mails para Spavor não haviam tido resposta até esta quinta-feira.
Quando o líder norte-coreano decidiu se reaproximar do mundo e atrair investimentos estrangeiros neste ano, Spavor estava em uma posição privilegiada para desempenhar um papel.
Sendo um dos pouco ocidentais com laços pessoais com o governo da Coreia do Norte e com o próprio Kim, Spavor vem tentando despertar o interesse internacional em investimentos em projetos econômicos norte-coreanos, antecipando-se ao eventual relaxamento das sanções e ao estreitamento das relações.
Spavor é mais conhecido na região por seu relacionamento com Kim e por ter facilitado uma visita do astro de basquete norte-americano Dennis Rodman a Pyongyang em 2013.
“Aquela foi a experiência mais incrível que tive na vida… passamos três dias juntos”, disse Spavor à Reuters em uma entrevista concedida em 2017.
Imagens da ocasião mostraram Spavor bebendo coquetéis com Kim a bordo de um de seus barcos particulares depois de andarem de jet ski em uma baía próxima de Wonsan, uma das áreas de desenvolvimento econômico aos cuidados do líder.
Em 2015 Spavor se envolveu nos esforços para atrair mais de 150 milhões de dólares de fundos estrangeiros para Wonsan, incluindo 39 milhões de dólares para abrir uma nova cervejaria.
A investigação de Spavor vem na esteira da detenção, ocorrida em Pequim na segunda-feira, do ex-diplomata canadense Michael Kovrig, que a mídia estatal chinesa disse estar sendo investigado pelas mesmas acusações.
A China expressou revolta quando o Canadá prendeu em 1º de dezembro a executiva Meng Wanzhou, diretora financeira da empresa chinesa Huawei Technologies, e o inquérito sobre Spavor provavelmente agravará a desavença diplomática.