Por Anthony Esposito e Daina Beth Solomon
TLAHUELILPAN/CIDADE DO MÉXICO (Reuters) – O novo governo do México sabia que um oleoduto estava vazando mas demorou horas para agir antes de uma explosão que matou ao menos 85 pessoas, disse um ministro no domingo, aumentando o foco em uma campanha para acabar com o roubo de combustíveis vista como a primeira medida de combate ao crime do presidente Andrés Manuel López Obrador.
A petroleira estatal Pemex não fechou o oleoduto quando foi notificada por militares cerca de quatro horas antes da explosão de sexta-feira porque considerou o vazamento como “mínimo”, disse o ministro de Segurança, Alfonso Durazo, em entrevista coletiva.
Nas horas seguintes, o vazamento cresceu e até 800 pessoas levaram potes de plástico ao duto, coletando combustível grátis no que testemunhas descreveram como uma atmosfera quase festiva.
Familiares de algumas das vítimas disseram que a escassez de combustível desencadeada pelo plano de combate a furtos do presidente López Obrador levou muitas pessoas ao vazamento do oleoduto de Tula-Tuxpan, a poucos quilômetros de uma grande refinaria.
Em dezembro, López Obrador enviou soldados a refinarias para ajudar a combater o crime organizado enquanto fechava oleodutos desviados por ladrões. As medidas reduziram o roubo mas, no início de janeiro, também levaram à escassez de combustível e à formação de filas quilométricas em postos de gasolina.
Logo após o anoitecer de sexta-feira, a gasolina e os gases se inflamaram formando uma bola de fogo que matou ao menos 85 pessoas, deixando uma marca negra no distrito de Tlahuelilpan, no Estado de Hidalgo. Dezenas de pessoas ficaram tão carbonizadas que só poderão ser identificadas através de exames de DNA, segundo autoridades.
Críticos dizem que o governo fez muito pouco para impedir que as pessoas se aglomerassem no local antes da explosão, foi muito precipitado em enviar gasolina pelo duto que passou semanas fechado devido ao combate ao roubo de combustível e agiu muito lentamente depois que o vazamento foi detectado.
A Pemex estava com pressa para reabrir o gasoduto para evitar uma nova rodada de falta de combustível na Cidade do México, disse Gonzalo Monroy, chefe da empresa de consultoria energética GMEC, citando conversas com profissionais da indústria petrolífera.
Rejeitando relatos de que ladrões de combustíveis teriam aberto o oleoduto, Monroy disse que fontes na Pemex indicam que a fissura aconteceu em um ponto anteriormente reparado pela companhia que cedeu sob a pressão de um novo fluxo de combustível.
Autoridades da Pemex decidiram continuar enviando combustível após os primeiros sinais do vazamento, mandando uma equipe para inspecionar o local, disse.
A Pemex não respondeu a pedidos por comentários.
(Reportagem de Anthony Esposito; Reportagem adicional de Frank Jack Daniel, Daina Beth Solomon e Marianna Parraga, na Cidade do México)