Por John Miller
ZURIQUE (Reuters) – O Credit Suisse falhou em combater adequadamente a lavagem de dinheiro em casos suspeitos de corrupção ligados à Fifa e às petroleiras estatais da Venezuela e do Brasil, disse nesta segunda-feira o órgão de fiscalização suíço Finma, abalando a reputação do banco.
O Finma vai indicar um auditor independente para supervisionar os processos contra a lavagem de dinheiro do banco, mas não chegou a forçar a instituição a devolver qualquer lucro que possa ter obtido ilegalmente. O Finma não tem autoridade para multar os bancos que supervisiona.
O segundo maior banco da Suíça, atrás do UBS, também falhou em suas obrigações de combater a corrupção enquanto administrava “uma relação empresarial significativa” com uma pessoa exposta politicamente, disse a autoridade nesta segunda-feira.
O Credit Suisse disse em um comunicado que o órgão fiscalizador suíço havia descoberto “fraquezas do legado”, acrescentando que agiu para melhorar a conformidade desde que o presidente-executivo, Tidjane Thiam, assumiu no lugar de seu antecessor Brady Dougan, em março de 2015.
Em vez disciplinar um executivo que não cumpriu a regulação de conformidade por anos, o Finma disse que o Credit Suisse impulsionou a remuneração do executivo.
Uma fonte bancária identificou o gerente como Patrice Lescaudron, sentenciado a cinco anos de prisão em fevereiro.
“As falhas identificadas aconteceram repetidamente ao longo de diversos anos, principalmente antes de 2014”, disse o Finma, acrescentando que muitos dos problemas surgiram da subsidiária do grupo Clariden Leu AG, que foi totalmente absorvida pelo Credit Suisse em 2012.
“O Finma identificou deficiências no processo contra a lavagem de dinheiro, assim como falhas nos mecanismos de controle do banco e de gestão de risco”, disse a autoridade.
O auditor independente vai monitorar o Credit Suisse para garantir que o banco avance em melhorias.
A ação contra o Credit Suisse surgiu a partir da investigação pelo Finma de diversas instituições financeiras suíças a partir de 2015, relacionadas com suspeitas de corrupção envolvendo a FIFA, a Petrobras e a petroleira venezuelana PDVSA.
Analistas disseram que o tom duro do órgão regulador e a instalação de um monitor poderiam afetar a confiança nos esforços do Credit Suisse para corrigir problemas do passado.
“As declarações do Finma dificilmente vão acalmar as coisas, uma vez que mostrou claramente o que pensa sobre a qualidade dos esforços do banco para combater lavagem de dinheiro”, disse o analista do Zuercher Kantonalbank Javier Lodeiro.