Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira, na cerimônia de transmissão de cargo do novo ministro da Defesa, que as Forças Armadas são um obstáculo aos que querem usurpar o poder, e lembrou “problemas” que os militares tiveram durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), sem no entanto citá-lo nominalmente.
“As Forças Armadas são um obstáculo para aqueles que querem usurpar do poder”, disse Bolsonaro, na posse do general Fernando de Azevedo e Silva no comando do Ministério da Defesa.
O presidente defendeu também a revogação de uma medida provisória, editada em 2001 pelo governo FHC, que reestruturou a remuneração das Forças Armadas –àquela época, as MPs não perdiam a validade mesmo se não fossem votadas pelo Congresso.
Bolsonaro elogiou o tratamento dado aos militares pelos governos de José Sarney, Fernando Collor e Itamar Franco. “Depois tivemos outro governo, os senhores sabem qual foi, tivemos problemas, especialmente comigo, mas prosseguimos nossa jornada”, disse.
O presidente afirmou que sua eleição à Presidência é “prova inconteste” de que o povo brasileiro quer hierarquia, ordem e progresso. Destacou também que as Forças Armadas sempre refutaram a ideia de “sociedade civil” e que há uma sociedade só.
Bolsonaro exaltou o papel das forças e citou a escolha do seu vice, o general Hamilton Mourão (PRP). “Quando escolhi, e foi uma decisão pessoal e minha, ouvi colegas, mas escolhi para o cargo de vice-presidente da República um general do Exército. A continência tem que ser simultânea, eu digo para ele (Mourão): não sou mais capitão, nem ele é general, somos soldados do Brasil”, disse.
RACIONALIZAÇÃO
Pouco antes, o general Fernando Azevedo, que acabara de assumir o cargo de ministro da Defesa no lugar do general Joaquim Silva e Luna, disse que as ações das Forças Armadas serão pautadas pela Constituição e pelas leis infraconstitucionais.
“Como organismos de Estado, as Forças devem atuar nas coisas de soldado e cooperar com o poder civil onde forem demandadas respeitadas as suas capacidades e competências”, disse.
O ministro elencou como prioridades a racionalização das estruturas para reduzir custos operacionais e a urgente remodelagem da carreira militar.