BRASÍLIA (Reuters) – As idades mínimas para aposentadoria precisam ser viáveis para que a reforma da Previdência possa ser aprovada no Congresso, disse nesta terça-feira o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, após reunião ministerial no Palácio do Planalto.
“Continua aquela teoria que na Previdência as idades têm que ser viáveis para serem aprovadas”, disse Heleno a jornalistas.
Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que as idades mínimas para a aposentadoria poderiam ser 62 anos para os homens e 57 anos para as mulheres.
O tema, no entanto, não foi discutido na reunião ministerial, segundo o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
“Não teve nada” de reforma da Previdência no encontro, disse Mandetta à Reuters. Segundo ele, a pauta da reunião desta terça foi mais voltada para a segurança pública, em especial diante da crise por que passa a área no Ceará, a crise hídrica no Nordeste e iniciativas na área de ciência e tecnologia.
Mandetta relatou que a dinâmica do encontro foi que os ministros falaram, em linhas gerais, sobre ações de suas respectivas pastas que precisem passar por outros ministérios.
BASE DOS EUA
Na entrevista aos jornalistas, Heleno afirmou também que Bolsonaro disse a ele que “nunca falou” sobre a instalação de uma base militar norte-americana no Brasil.
“Ele (Bolsonaro) me disse que nunca falou isso. Foi um comentário quando falaram de base russa (na Venezuela), não sei o que, aí saiu esse assunto: de repente é base americana. Mas não tem nada. Ele falou comigo que não falou nada disso. Fizeram um auê disso aí sem nada”, disse Heleno.
Em entrevista ao SBT na semana passada, Bolsonaro mostrou preocupação com a aproximação da Venezuela, do governo socialista de Nicolás Maduro, com a Rússia, e não descartou a possibilidade de instalação de uma base militar dos Estados Unidos no Brasil no futuro.
“A minha aproximação com os Estados Unidos é uma questão econômica, mas pode ser bélica também. Nós podemos fazer acordo voltado para essa questão. Não queremos ter um superpoder aqui na América do Sul, mas devemos ter, no meu entender, a supremacia”, acrescentou.
Indagado sobre a possibilidade de instalação de uma base militar norte-americana em solo brasileiro, Bolsonaro, que é capitão da reserva do Exército, não descartou a medida.
“A questão física pode ser até simbólica. Hoje em dia o poderio das Forças Armadas americanas, chinesas, soviéticas alcançam o mundo todo independente de base. Agora, de acordo com o que puder vir acontecer no mundo, quem sabe você tenha que discutir essa questão no futuro”, disse o presidente.
(Por Lisandre Paraguassu e Ricardo Brito; Edição de Maria Pia Palermo e Alexandre Caverni)