Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) – A bolsa paulista encerrou a sexta-feira com o Ibovespa em alta de quase 3 por cento, com praticamente todas as ações do índice no azul, ampliando o desempenho positivo acumulado em 2018 para cerca de 15 por cento.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 2,84 por cento no dia, a 87.887,26 pontos, acumulando na semana acréscimo de 2,56 por cento, enquanto o desempenho no mês ficou negativo em 1,81 por cento. O volume financeiro nesta sexta-feira somou 11,35 bilhões de reais, contra média diária de 12,3 bilhões de reais em 2018 e de 15 bilhões de reais em dezembro.
Nos últimos três meses de 2018, o Ibovespa avançou 10,93 por cento, o que ajudou no resultado anual, o terceiro positivo, depois de subir 27 por cento em 2017 e 39 por cento em 2016.
O Ibovespa superou os 90 mil pontos pela primeira vez em sua história no quarto trimestre, tendo alcançado recorde intradia de 91.242,22 pontos em 3 de dezembro. Considerando o fechamento, porém, o maior patamar foi de 89.820,09 pontos. No pior momento do ano, no final do primeiro semestre, chegou a 69.068,77 pontos, mínima intradia de 19 de junho.
O desempenho em 2018 ocorre mesmo após tensões desencadeadas pelas eleições no Brasil e pelo cenário externo mais adverso, com elevação de juros nos Estados Unidos e política comercial agressiva do presidente Donald Trump, entre outros fatores.
A performance do Ibovespa tampouco foi afetada pela saída líquida capital externo do segmento Bovespa no ano, de mais de 11 bilhões de reais até o dia 26 de dezembro, com o ambiente global mais hostil a mercados emergentes e certa hesitação com a mudança do comando do país.
Para o gestor Henrique Bredda, da Alaska Asset Management, a alta do Ibovespa no ano prova que, embora existam distrações no meio do caminho, a bolsa reflete os lucros das empresas, que em 2018, no agregado, subiram bastante em relação a 2017.
“Acreditamos que isso deve se repetir em 2019 versus 2018”, afirmou Bredda, que trabalha com um cenário de melhora da economia no próximo ano calendário. A Alaska tem atualmente sob gestão cerca de 8 bilhões de reais.
Nesta sexta-feira, nem a falta de tendência única em Wall Street desanimou os compradores na bolsa paulista, que também acompanharam sinalizações benignas do novo governo quanto a medidas fiscais.
DESTAQUES
– PETROBRAS PN subiu 4,66 por cento e PETROBRAS ON avançou 3,93 por cento, após a diretoria da petrolífera de controle estatal aprovar mecanismo de proteção complementar à política de preços do diesel, que permitirá à companhia manter a cotação do produto estável nas refinarias por um período de até sete dias em momentos de elevada volatilidade. No ano, os papéis subiram 46,84 e 51,67 por cento, respectivamente.
– VALE fechou em alta de 3,03 por cento, acompanhando o movimento de outras mineradoras nos pregões europeus e após o conselho de administração da companhia aprovar a recondução do presidente, Fabio Schvartsman, para um novo mandato de mais dois anos a partir de maio. Em 2018, as ações da Vale valorizaram-se 31,81 por cento.
– ITAÚ UNIBANCO PN avançou 3,5 por cento, em nova sessão positiva para bancos privados no Ibovespa, encerrando 2018 com elevação de 33,51 por cento. BRADESCO PN encerrou em alta de 3,07 por cento, contabilizando um acréscimo de 29,89 por cento no acumulado do ano.
– LOG COMMERCIAL PROPERTIES cedeu 1,8 por cento, entre as poucas quedas da sessão.
– MAGAZINE LUIZA fechou em alta de 4,06 por cento e terminou o ano com valorização de 126,34 por cento, a maior do Ibovespa, depois de altas de cerca de 500 por cento em 2017 e em 2016. Em relatório recente, analistas do BTG Pactual afirmaram que as ações da varejista estão entre os papéis preferidos no universo de cobertura da casa.
– CIELO encerrou em alta de 2,18 por cento a sexta-feira, mas acumulou queda de 58,15 por cento em 2018, pior desempenho do Ibovespa no ano, com receios sobre o efeito do aumento da competição no setor de meio de pagamentos nos resultados da companhia, entre outros fatores, desencadeando vendas.