LONDRES (Reuters) – A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, pedirá nesta terça-feira aos parlamentares de seu Partido Conservador que mostrem a Bruxelas que apoiarão o acordo do governo para o Brexit se um plano para evitar uma fronteira dura na Irlanda for substituído.
Ainda nesta terça-feira o Parlamento tentará delinear o futuro da saída do país da União Europeia debatendo e votando quais mudanças quer que May busque em seu pacto com a UE para o Brexit.
Faltando exatamente dois meses para o Reino Unido deixar a UE em 29 de março, ainda não existe entendimento em Londres sobre como e mesmo se o país romperá com o maior bloco comercial do mundo, já que o plano da premiê foi rejeitado pela grande maioria da legislatura.
Os parlamentares debaterão e votarão os próximos passos de May. Alguns esperam medir o nível de apoio a alternativas para o acordo, e outros até tentarão assumir o controle do processo das mãos do governo.
Não se trata de uma reedição da votação de 15 de janeiro, em que se debateu aprovar ou não o acordo do Brexit de May, mas uma chance de descobrir que tipo de mudanças seria necessário para obter a chancela do Parlamento para que a premiê possa tentar renegociar o pacto com Bruxelas.
No cerne das preocupações de muitos parlamentares pró-Brexit está o “backstop” irlandês, uma apólice de seguro concebida para evitar uma fronteira dura entre a República da Irlanda e a província britânica da Irlanda do Norte — ele exigiria que as regras da UE se apliquem à Irlanda do Norte se não se acertar nenhuma outra solução.
O parlamentar conservador veterano Graham Brady apresentou uma proposta, conhecida como emenda, em que pede que o backstop seja descartado e substituído por “arranjos alternativos”.
Na segunda-feira May disse em uma reunião particular com parlamentares conservadores que o governo quer que eles apoiem a emenda Brady se o presidente da Câmara dos Comuns decidir submetê-la a uma votação.
Um apoio firme à emenda permitirá a May demonstrar à UE que as alterações no backstop podem bastar para ela obter o consentimento parlamentar para um acordo.
“Ele permite à primeira-ministra mandar um recado muito claro sobre o que o Parlamento quer e em que pé está o partido”, disse o presidente do Partido Conservador, Brandon Lewis, após a reunião.