Por Gram Slattery
BRUMADINHO, Minas Gerais (Reuters) – Moradores de Minas Gerais reagiram com indiferença, e em alguns casos com repúdio, a uma série de medidas que a mineradora Vale prometeu adotar na esteira do rompimento de uma barragem em Brumadinho que pode ter deixado cerca de 300 mortos.
“Tarde Demais”, estampou o jornal O Estado de Minas depois que a Vale informou que suspenderá 10 por cento de sua produção e gastará 5 bilhões de reais para desativar 10 barragens semelhantes à que ruiu na Mina Córrego do Feijão, na sexta-feira.
Com a confirmação de 99 mortos e 250 desaparecidos, de acordo com os bombeiros, o rompimento da barragem de rejeitos na cidade de Brumadinho pode ser o pior acidente de mineração do país. Nos últimos dias a Vale prometeu continuar pagando impostos da mina paralisada e doar 100 mil reais às famílias de cada vítima.
As iniciativas ou foram pouco comentadas ou ridicularizadas na região rural afetada pela tragédia, onde muitos moradores ainda estão em estado de choque.
No sindicato local, situado em uma rua lateral da devastada Brumadinho, um dirigente ainda não tinha ouvido falar do plano da Vale e outro disse que se trata de uma questão secundária.
“Ainda estamos absorvendo o que aconteceu”, disse Neftali Gonçalves da Silva, vice-presidente do sindicato. “A Vale virá aqui e conversaremos, mas por enquanto só estamos nos recuperando”.
Na quarta-feira, especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) clamaram por uma investigação oficial sobre o incidente. Procuradores federais e estaduais abriram uma investigação criminal.
Ao longo do enorme deslizamento de lama que antes fazia parte do vilarejo de Córrego do Feijão, que batizou a mina, os moradores estavam concentrados em tentar recomeçar a vida.
“O foco de tudo é procurar meu irmão”, disse Pedro Ferreira dos Santos enquanto escavava a terra em busca do corpo do familiar.
“Meu maior desejo é que ele seja encontrado”.
(Reportagem adicional de Leanardo Benassatto)