(Reuters) – O presidente em exercício, general Hamilton Mourão, afirmou nesta segunda-feira que o tempo de serviço para que os militares tenham direito a se aposentar deve aumentar na reforma da Previdência do governo Jair Bolsonaro e destacou que não há “resistência nenhuma” a essa alteração.
“Hoje essa questão da permanência por 30 anos no serviço ativo, acho que irá mudar. Acho que vai aumentar”, disse ele, em entrevista à Rádio Gaúcha na manhã desta segunda-feira.
Mourão assumiu pela primeira vez na noite de domingo a Presidência da República no lugar de Bolsonaro, que viajou para Davos, na Suíça, para participar do Fórum Econômico Mundial.
O presidente em exercício salientou que a defesa de um aumento no tempo de serviço dos militares é uma posição dele “como indivíduo tendo permanecido 46 anos dentro no Exército” — ele é um general da reserva.
“Não há resistência a essa questão do tempo de serviço, não tem resistência nenhuma nisso aí”, completou. Ele ressalvou que essas tratativas sobre a reforma passam por Bolsonaro, que é o “grande decisor”. “Julgo que quando ele voltar da cirurgia (marcada para 28 de janeiro), esse assunto já será esclarecido para a população”, afirmou.
Segundo o vice-presidente, a questão do tempo de permanência na ativa é um dos pontos que estão sendo discutidos pelo governo e que será apresentado pela área militar como “uma forma de mitigar esse gasto que a União e, principalmente, os Estados têm com as suas Forças Armadas e as forças policiais”.
ARMAS
O presidente em exercício afirmou ainda que a questão da flexibilização da posse de arma de fogo no país –objeto de decreto na semana passada– não é algo que ele veja como uma medida para combater a violência.
“Eu vejo apenas, único e exclusivamente, como um atendimento de promessa de campanha do presidente e vai ao encontro de anseios de grande parte do eleitorado dele. Dessa forma que eu vejo isso aí”, disse Mourão.
CASO FLÁVIO BOLSONARO
Na entrevista, o presidente em exercício repetiu que o caso que envolve o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) não atinge o governo.
Na véspera, em entrevista à Reuters, Mourão já havia dito que o caso envolvendo movimentações financeiras atípicas de Flávio e do ex-assessor dele Fabrício Queiroz não é assunto do governo que começou em 1º janeiro, apesar de o parlamentar ser filho do presidente. [nL1N1ZK055]
“É preciso dizer que o caso Flávio Bolsonaro não tem nada a ver com o governo”, disse Mourão à Reuters no domingo.
Para Mourão, é preciso aguardar o andamento dos fatos e investigações antes de se tirar conclusões. Flávio Bolsonaro é investigado na esfera cível da Justiça do Rio de Janeiro por suspeita de movimentação atípica detectada pelo Conselho de Controle de Atividade Financeiras (Coaf).
“DESPETIZAÇÃO”
Mourão afirmou ainda que há uma compartimentação dos trabalhos e disse que não quis se “meter” na questão da chamada “despetização” do governo.
O presidente em exercício afirmou que não se julga como uma espécie de ponte entre o empresariado e governo, numa resposta a notícias de que empresários estariam tendo dificuldades e acesso ao núcleo do poder.
(Por Ricardo Brito, em Brasília)