BRASÍLIA (Reuters) – O presidente em exercício, Hamilton Mourão, disse nesta quarta-feira que a decisão da Arábia Saudita de desabilitar cinco unidades frigoríficas brasileiras de carne de frango que exportam o produto para aquele país não tem “nada a ver” com a questão da mudança da embaixada do Brasil em Israel, de Tel-Aviv para Jerusalém.
Segundo Mourão, em outubro do ano passado, uma missão saudita esteve no país um mês inteiro para fazer uma verificação das condições de frigoríficos, granjas e da indústria de grãos. Ele disse que a ideia daquele país era cortar das atuais 600 mil toneladas para 400 mil toneladas a importação de frango brasileiro, porque iriam começar a produzir por lá.
“O dado que eu tenho –que não é confirmado ainda– é de que eles pretendem também produzir frangos lá na Arábia Saudita, óbvio que vai sair mais caro, mas eles têm dinheiro e é isso que está acontecendo”, afirmou Mourão, que está no comando do país desde o início da semana com a viagem do presidente Jair Bolsonaro a Davos, Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial.
“Não tem nada a ver com questão de embaixada, até porque qual foi a declaração do nosso representante na ONU: existe um Estado de Israel e um estado palestino, conforme reconhecemos desde 1947. Então nada mudou”, disse.
Mourão também foi questionado sobre declarações de Bolsonaro durante a campanha de fechar a embaixada palestina no Brasil que fica próximo ao Palácio do Planalto, em Brasília.
“Não, nada disso. Os dois Estados são reconhecidos, o resto tudo é retórica e ilação. Como disse o embaixador alemão: ‘aguardem os atos'”, afirmou Mourão.
(Reportagem de Ricardo Brito)